Priscila Narrando O dia estava se arrastando. Eu ainda podia sentir a tensão da Sophie na minha pele, como se ela tivesse deixado uma marca invisível por onde passou. O sorriso falso, a provocação disfarçada… tudo aquilo me irritava profundamente, mas de alguma forma, também mexia comigo. Eu não queria admitir, mas Sophie tinha o poder de me desequilibrar.E então, logo depois dela sair da loja, eu me peguei pensando no que ela tinha dito. Ela não estava apenas ali para comprar algo — ela estava ali para me observar, para me provocar. E eu… Eu caí na armadilha. Mesmo sabendo que ela estava jogando sujo, a frase dela ficou ecoando na minha cabeça.“Eu e o Everton temos uma história intensa, sabe? Às vezes o passado grita alto demais pra ser ignorado.”Eu olhei para o relógio. Era hora de fechar a loja. O dia havia sido longo, cansativo, e ainda assim, parecia que tudo ao meu redor estava girando mais rápido do que eu conseguia acompanhar. Eu queria estar em casa, longe de tudo isso, l
Everton Narrando A porta se fechou atrás de mim com um som seco, e por um instante, fiquei ali parado, sem saber o que fazer. A conversa com a Pri me deixou com uma sensação de vazio que parecia não ter fim. Ela estava decidida, eu sabia disso. E eu… eu sabia que não tinha mais como voltar atrás. Não depois de tudo o que fiz.Eu tentei, Deus sabe o quanto eu tentei. Fui até ela, disse o que achava que era certo, tentei mostrar que as coisas podiam ser diferentes entre nós. Mas, no fundo, eu sabia que as palavras nunca seriam suficientes. Não depois de tudo o que ela passou, não depois de como eu a tratei.Ainda podia sentir o peso do olhar dela sobre mim, o jeito firme com que falou, sem hesitar. Eu podia ver a dor, o medo de se entregar de novo, e, por mais que eu quisesse fazer tudo certo dessa vez, algo dentro de mim me dizia que talvez fosse tarde demais.— Eu não sou um plano de segunda opção, Everton. Essas palavras ecoavam na minha mente como um soco no estômago. Eu sabia que
Priscila Narrando Eu estava tão perdida naquela situação. Ver o Everton ali, sentado ao meu lado, foi como se uma onda de emoções viesse à tona de uma vez só. Ele havia prometido que estaria ao meu lado, mas eu não sabia se podia confiar nele novamente. Depois de tudo, como eu poderia simplesmente abrir meu coração e acreditar nas palavras dele?O meu filho, o meu pequeno Luís, estava ali na sala, imerso em seu jogo, mas sua inocência contrastava com a tempestade dentro de mim. Eu não sabia o que fazer, como agir. Como explicar para o meu filho que o pai dele, o homem com quem eu passei anos, tinha sumido sem deixar rastros?Everton me disse que ia me ajudar, e eu queria acreditar nele. Eu queria tanto, mas o medo de me machucar novamente me consumia. Como confiar em alguém que, por mais que eu ainda o amasse de alguma forma, me havia deixado no passado?— Eu não quero mais perder tempo, Pri — Ele disse, quebrando o silêncio que eu nem sabia como interromper. —Eu sei que te machuquei
Luis Fernando Eu não conseguia tirar a imagem da Priscila da cabeça desde que a encontrei no mercado. Ela estava ainda mais linda do que eu lembrava... e agora parecia ainda mais forte, mais madura. E o pior: parecia completamente distante de mim.Era como se eu tivesse levado um soco no estômago quando ela me olhou como se eu fosse apenas... um passado apagado.Depois daquele encontro, fiquei remoendo tudo. A saudade do Luís me consumia também. Eu sentia falta do meu filho todos os dias, mas sabia que não tinha o direito de cobrar nada, não depois das merdas que eu fiz.Mas eu não conseguia ficar parado. Eu precisava tentar me reaproximar deles de algum jeito. Talvez eu ainda tivesse alguma chance... alguma fagulha de esperança que me permitisse, ao menos, ser parte da vida do meu filho — e, quem sabe, reconquistar a Priscila.Peguei o celular, pensei em mandar uma mensagem, mas acabei só encarando a tela, sem coragem.No fundo, eu sabia: antes de qualquer coisa, eu precisava mudar.
Everton Narrando Assim que saí do prédio onde tinha resolvido umas pendências, meu celular vibrou no bolso da calça. Tirei o aparelho com uma mão só, enquanto a outra segurava a chave do carro.Era uma mensagem da Priscila.Meu peito deu um aperto estranho. Toda vez que o nome dela aparecia na tela, parecia que o mundo desacelerava por uns segundos.Abri a mensagem rápido.Ela dizia que o Luiz Fernando, aquele idiota que nunca valorizou a mulher incrível que tinha, havia procurado ela para falar do filho dos dois. E, mesmo tentando agir com maturidade, dava pra sentir pela forma como ela escreveu que isso mexeu com ela. Com eles.Fechei a mão em punho, respirando fundo. Eu queria resolver tudo por ela, queria arrancar qualquer dor ou preocupação que ela carregasse. Mas Priscila era orgulhosa, forte. Ela queria — e merecia — resolver as coisas do jeito dela.Eu precisava dar espaço, mas ao mesmo tempo... não conseguiria simplesmente ficar parado.Dirigi até a frente da casa dela sem n
Priscila Narrando Me chamo Priscila e tenho 27 anos. Sou loira, de cabelos lisos que caem até a metade das costas, olhos verdes que todo mundo sempre diz que chamam atenção e eu confesso que já usei isso a meu favor mais de uma vez. Meus cílios são naturalmente longos, o que me poupa alguns minutos na maquiagem, e minha boca... bom, já ouvi que é bonita demais pra ficar calada. Meu corpo? Sempre cuidei dele. Nada exagerado, mas o suficiente pra me sentir bem quando me olho no espelho e fazer alguns olhares se virarem quando passo. Não sou perfeita, mas tenho meu charme. E aprendi, depois de tudo que vivi, que esse charme vai muito além da aparência.Hoje, além de ser mãe de um menino incrível, sou gerente de uma loja. Uma mulher que já amou, que já se decepcionou, mas que decidiu recomeçar. O que eu não esperava... era que o passado, em forma de um CEO arrogante e sexy, fosse bater na minha porta. Ou melhor, entrar pela porta da loja. E bagunçar tudo outra vez.Lembro como se fosse
Everton Narrando Me chamo Everton, tenho 31 anos e aprendi cedo que nada nesse mundo vem de graça. Cabelos castanhos escuros, olhos da mesma cor intensos, dizem. Minha barba é sempre bem feita, porque eu gosto de manter tudo no controle, até a imagem que passo. Corpo definido, porque disciplina é algo que levo a sério tanto nos negócios quanto na cama. Não nasci em berço de ouro. Conquistei tudo o que tenho com estratégia, suor e, sim, uma boa dose de frieza. Hoje, sou CEO de uma das empresas mais promissoras do setor, com contratos milionários, viagens internacionais, e mais gente querendo minha atenção do que eu consigo contar.Mas nada disso importa quando eu penso nela.Priscila.A mulher que eu deixei pra trás quando ainda era um ninguém tentando se tornar alguém. A mulher que, mesmo depois de anos, ainda habita meus pensamentos nas noites mais silenciosas. Eu construí um império... mas o trono parece vazio sem ela.Voltei não só pelo sucesso. Voltei pra buscar o que realmente
Priscila Narrando O dia tava corrido na loja. Eu tava ocupada com estoque, notas, clientes, tentando manter a mente longe dele. Do maldito Everton. Mas era impossível. Desde que ele apareceu, eu me sentia como se tivesse acordado dentro de um terremoto emocional. Um caos silencioso por dentro.Então o motoboy chegou.— Entrega pra gerente — ele disse, e me estendeu uma caixinha pequena, sem remetente.Arqueei a sobrancelha, estranhei, mas aceitei. Voltei pro escritório, fechei a porta e sentei com a caixa sobre a mesa. Meu coração já começou a bater mais forte antes mesmo de abrir. Tinha algo ali. Algo que me chamava como se já fosse parte de mim.Abri a tampa devagar.O lenço.Meu lenço.Azul claro, com meu cheiro de anos atrás… um cheiro que ele não devia mais lembrar. Mas lembrava. E guardou.Engoli seco. Meus dedos tremiam quando toquei o tecido. Eu não usava aquilo desde… desde as noites com ele. Quando o mundo lá fora era pesado demais e o peito dele era o único lugar que fazia