Neuza Narrando
Quando o Orlando foi embora, fiquei sentada na cadeira da cozinha, olhando pra xícara de café que nem tive coragem de terminar. O cheiro do café misturado com os pensamentos antigos me trouxe lembranças que eu passei anos tentando deixar pra trás. Mas agora... era impossível ignorar. Ele tava ali, de novo. Na nossa casa. Olhando pra Priscila como se ainda pudesse chamá-la de filha.
Meu coração apertava, mas minha cabeça precisava estar firme. Eu não podia deixar a emoção me cegar. A volta dele podia ser um recomeço, sim. Mas também podia ser uma ferida reaberta. E eu, como mãe, ia estar ali pra proteger minha filha de qualquer dor. Mesmo que ela ainda o amasse, mesmo que ela fingisse que não.
Vi nos olhos do Orlando que ele se arrependeu. Que o tempo fez efeito. Que a ausência pesou. Mas arrependimento não apaga o passado. Ele precisa entender que quem some, quem escolhe virar as costas, não volta achando que tudo vai ser como antes. Não com a minha filha.
Priscila é f