Everton Narrando
A manhã tava tranquila até demais… Eu e Priscila estávamos na cozinha, tomando café juntos, enquanto Luizinho assistia desenho na sala. Ela parecia mais leve, apesar de tudo que vinha acontecendo. Eu gostava de ver aquele lado dela, mais calmo, mais dela. A mulher forte, que carrega tudo nas costas, mas que quando se permite respirar, é simplesmente linda.
Eu tava preparando duas torradas pra ela quando a campainha tocou. Na hora, Priscila largou a xícara em cima da mesa e me olhou confusa.
— Tá esperando alguém? — perguntei.
— Não… — ela respondeu já se levantando.
Fiquei em pé ali mesmo, com a faca ainda na mão. Priscila foi até a porta, destrancou… e quando abriu, parou como se tivesse visto um fantasma.
— Pai?
Eu caminhei até ela devagar, e foi aí que vi: o tal do Orlando. O pai que sumiu por anos. O homem que ela evitava falar, que trazia cicatrizes só de ser mencionado. Ele estava ali, bem na nossa frente, com uma mala pequena na mão e o rosto marcado pelo temp