Priscila Narrando
Estava sentada no sofá, tentando focar em um livro, mas minha cabeça não ajudava. Depois de tudo que aconteceu nos últimos dias, qualquer barulho diferente me deixava em alerta. Quando ouvi a porta se abrindo, levantei imediatamente. Everton entrou primeiro, seguido da minha mãe. Os dois juntos. Aquilo já me deixou com a pulga atrás da orelha.
— Oi, filha — minha mãe disse, tentando parecer natural, mas eu conheço aquela mulher melhor que ninguém.
Everton me deu um beijo no rosto e forçou um sorriso. Mas o olhar dele… inquieto, como se tivesse passado por algo tenso.
Cruzei os braços e os encarei, alternando o olhar entre os dois.
— Tá tudo bem com vocês? — perguntei, estreitando os olhos. — Porque… não sei, mas vocês estão estranhos.
Minha mãe e Everton trocaram um olhar rápido, quase imperceptível, mas eu vi. E eu senti. Tinha algo acontecendo.
— Claro que tá tudo bem, filha — minha mãe respondeu rápido demais, tentando mudar de assunto. — Só estávamos conversando