Everton Narrando
Desde que deixei a Priscila naquela manhã, algo não saiu da minha cabeça: o olhar dela. Era como se ela tivesse visto através de mim, como se soubesse que eu tava escondendo alguma coisa. E, de fato, eu estava.
A conversa com a dona Neuza ainda ecoava na minha mente. Aquela mulher tinha sangue nos olhos quando me contou quem tava por trás da exposição da filha. Eu nunca vi uma mãe tão decidida a proteger o que é seu, e sinceramente? Tô com ela.
Mas a verdade ainda tá presa na minha garganta. Eu quero contar tudo pra Priscila. Ela merece saber. Só que ao mesmo tempo… eu fico pensando no impacto, na dor que aquilo vai causar. Será que ela tá pronta? Será que eu tô pronto pra ver ela despedaçar?
Enquanto eu pensava nisso, meu telefone vibrou de novo. Era ela.
— Mais tarde a gente precisa conversar, de verdade.
Era agora ou nunca.
Peguei as chaves, saí do escritório, entrei no carro e fui em direção à casa dela. No caminho, meu coração batia acelerado. Porque eu sabia… e