Capítulo 3

- Ella! O que f...? – Matt se interrompeu no meio da frase quando viu sua mãe e a loira saindo do banheiro.

- Oh, meu Deus, querida, você está bem? Você não caiu por estar bêbada, caiu?

Então, o barulho de outra coisa pesada caindo na água atraiu todos os olhares. Ainda completamente vestido e enxarcado, Matt nadava em minha direção.

- Ah, nós estamos bêbados, mamãe – ele respondeu, me agarrando pela cintura e encarando a mulher. – E se eu fosse você sairia daqui agora pois não me responsabilizo pelo trauma que as próximas cenas podem lhe causar. Ah, oi Yasmin. Sinto muito, mas você também não está convidada dessa vez.

- Vamos, vamos... – a mãe de Matt vai tocando Yasmim para fora da área da piscina, fingindo não estar extremamente constrangida. – É amor jovem, deixe que se divirtam.

A loira dá uma boa olhada em mim antes de se permitir ser levada e eu consigo ver o ódio flamejando em seus olhos claros.

- O que elas fizeram? – Matt logo me pergunta, assim que as mulheres passam pela porta.

- O quê? Não, elas...

- Eu conheço muito bem a minha mãe e a Yasmim, Ella – garante. - O que elas fizeram? – Repete.

- Elas não me viram... Elas só estavam falando... Falando o quanto eu sou desqualificada para estar com você. O que está tudo bem, já que eu sou mesmo. E eu nem estou com você, eu só...

Perco a fala quando Matt desliza o polegar pelo meu rosto e ajeita uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. Sua mão então desce pelo meu pescoço, colocando minha cascata de cabelos negros para trás e permanecendo ali, deslizando seu mindinho para cima e para baixo, em pequenos toques suaves pela minha pele.

- Aposto que elas foram bem menos educadas que isso.

- Sim, elas foram – não consigo deixar de admitir.

- Não ligue para elas.

- E por que eu ligaria? Não é como se eu realmente, se eu realmente...

Eu perco minha linha de pensamento porque agora a mão de Matt está segurando firmemente a minha nuca e são seus lábios que vem em direção ao meu pescoço.

- Matt... Não... Eu achei, eu achei que estava claro que... Que eu não, que a gente...

- Você deixou bem claro, Ella – Ele se afasta, com um pequeno sorriso no rosto. – Desculpa, acho que é a bebida falando e... Porra! Você sabia que seu vestido tá um pouco transparente agora, né?

- Ah, merda! – exclamo, me dando conta do vestido. – Eu preciso tirar isso...

- É você quem está dizendo! – Agora seu sorriso é completamente aberto.

- Não, é sério... Amanda vai me matar se eu o estragar e eu não posso pagar por um novo... Angie! Não Amanda, Angie. Ah, merda!

- Está bom, calma, olha pra mim – eu obedeço, porque ele é aquele tipo de pessoa que tem um magnetismo quando dá uma ordem. – Eu tenho um quarto aqui no hotel, vamos para lá. Você toma um banho quente, porque você está tremendo, e eu mando lavar o seu vestido.

- Eu não posso, eu...

- E o que você pretende fazer, Ellla? Voltar para casa nesse estado?

Eu não podia voltar para casa também. Estava de carona com Amanda e sabia que o tempo dela com Thomas se estenderia porque ele sempre pagava para levá-la para cama. Eu teria que esperar. E agora, eu teria que esperar dentro de um vestido molhado e me tremando de frio. 

- Tá bom, obrigada.

Em uma coisa a mãe de Matt não estava errada: eu não pertencia àquele mundo. Raras foram as vezes em que me hospedei em hotéis e nenhum deles tinha uma antessala com bar, quarto com comandos inteligentes ou mesmo uma banheira de hidromassagem. Eu poderia morar ali facilmente – exceto que não poderia pagar por isso, é claro.

- Vá tomar um banho, tem roupão e toalhas no banheiro. Vou pedir algo para a gente comer enquanto isso, alguma preferência?

Dou de ombros.

- Eu como qualquer coisa.

Por mais que a banheira fosse extremamente convidativa, precisei reprimir a vontade de experimentá-la e optar por um banho quente de chuveiro. Não foi, exatamente, uma má ideia, uma vez que nunca tinha experimentado um chuveiro com uma pressão de água tão perfeita. Eu podia ficar lá durante horas apenas deixando a água quente massagear a minha pele, sem precisar me preocupar com uma gota gelada insistente e vários furinhos entupidos.

Ainda assim, apenas tomei um banho rápido e lavei os cabelos com algum produto de marca chique com nome em francês que eu mal saberia como pronunciar. Deixei o vestido dobrados sobre a bancada da pia e me enfiei em um roupão felpudo.

- A comida deve chegar em... uns... – Matt nem esconde o fato de estar percorrendo cada centímetro do meu corpo com o olhar. Por mais que o roupão ficasse cumprido em mim, era inevitável que a fenda deixasse boa parte das minhas pernas expostas. – O que eu estava falando?

- Comida.

- Quinze minutos. Vou tomar um banho rápido.

Aproveitei a ausência de Matt para revirar minha bolsa em busca do meu celular. Precisava mandar uma mensagem para minha mãe e conferir se estava tudo bem com Sophia. Frequentemente a sua doença lhe causava dores fortíssimas e ela precisava de remédios para contê-la. O problema é que o remédio não era nada barato. Assim que recebesse eu compraria uma nova cartela, mas era sempre assustador quando ela tomava o último e a gente tinha que torcer para que nada acontecesse naquele meio tempo.

- Merda! – exclamei, meu celular não queria ligar.

Eu nem tinha pensado nisso na hora, mas quando cai na piscina, minha bolsa estava comigo. Não só meu celular tomara um belo de um banho, como tudo de papel que eu carregava – incluindo documentos e algumas poucas notas de dinheiro – havia enxarcado. Corri até a penteadeira e sequei o melhor que consegui a minha identidade, passando logo em seguida para o celular. Eu sabia que colocar no arroz talvez ajudasse, mas onde eu ia conseguir arroz dentro desse quarto de hotel?

- Merda! – Exclamei novamente, o celular ainda não ligando mesmo depois da tentativa de secá-lo.

- Aconteceu alguma coisa?

Matt voltou ao quarto usando apenas uma calça Adidas preta, o peitoral completamente exposto. Foi minha vez de perder o ar por um segundo. Eu estava certa, ele era bem musculoso. Mas seus músculos eram perfeitamente desenhados, e não exagerados, um convite para a perdição.

- Meu celular... Caiu na piscina e eu não consigo ligar – tento manter o foco.

- Usa o meu... – ele tirou do bolso da calça e me estendeu. – Sabe o número? – Pergunta, enquanto vai até a cama e veste a camisa que tinha deixado separada.

Eu sabia, mas não queria ter outra conversa pessoal familiar na frente de Matt. Então apenas digito uma mensagem rápida para Amanda explicando que tinha tido um contratempo com meu celular, mas que eu a esperaria na recepção no horário combinado.  

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