Patrícia acordou com a certeza incômoda de que já não estava apenas permitindo.
Ela estava se envolvendo.
Não no sentido impulsivo, nem no território perigoso das promessas silenciosas. Era algo mais sutil, mais profundo. Um envolvimento que não gritava, mas que se infiltrava nos gestos simples, no jeito como Enzo já fazia parte do cenário sem que ela precisasse autorizar a cada passo.
Miguel dormia tranquilo, e aquele detalhe mudava tudo. O amor, agora, precisava caber na realidade. Não podia ser fantasia, nem distração. Precisava ser chão.
Na cozinha, Enzo estava sentado à mesa, olhando o celular sem atenção real. Quando ela entrou, ele ergueu o olhar e sorriu de um jeito calmo, sem expectativa.
— Bom dia — disse.
— Bom — Patrícia respondeu, observando-o por um instante a mais do que o habitual.
Havia algo diferente naquele olhar. Não cobrança. Não posse. Era cuidado atento, quase silencioso. E isso a desarmava.
— Eu pensei em ir embora hoje — Enzo disse, direto, sem rodeios.
O corp