O dia seguinte não trouxe euforia.
Trouxe algo melhor.
Patrícia acordou com a sensação de que o afeto havia encontrado lugar dentro da rotina, sem precisar ser anunciado. Miguel ainda dormia, e a casa parecia respirar junto com ela. Não havia ansiedade pelo próximo encontro, nem expectativa inflada. O que existia era continuidade.
Ela foi até a cozinha, preparou o café e ficou alguns minutos observando a luz atravessar a janela. Pensou em como, por tanto tempo, associara romance a desorganização emocional. A paixão que chegava para bagunçar, exigir, cobrar, tirar o chão.
Com Enzo, era diferente.
Não porque faltasse intensidade, mas porque havia direção.
Quando Miguel acordou, Patrícia o pegou no colo e caminhou pela sala. O bebê se aconchegou rápido, o rosto relaxando como se reconhecesse aquele espaço seguro. Ela sorriu, sentindo uma gratidão silenciosa.
— A gente está aprendendo a viver — disse em voz baixa. — Todos nós.
Enzo apareceu pouco depois, já vestido, mas sem pressa de sair