Patrícia acordou com a sensação estranha de que algo havia se acomodado dentro dela.
Não era entusiasmo. Não era expectativa. Era como quando uma casa finalmente encontra o próprio eixo depois de uma reforma longa demais. Nada novo à vista. Tudo no lugar certo.
Miguel dormia profundamente. O sol entrava discreto pela janela, sem impor presença. Patrícia permaneceu alguns minutos sentada na beira da cama, respirando fundo, observando o silêncio como quem respeita algo sagrado.
Ela não tinha planos para aquele dia.
E isso não soava como vazio.
Na cozinha, preparou café e deixou a xícara esfriar enquanto observava o movimento da rua. Pessoas iam e vinham carregando pressa, compromissos, urgências que já não lhe pertenciam da mesma forma. Não por desinteresse, mas por mudança de prioridade.
— Eu não saí do mundo — murmurou. — Eu só mudei de centro.
Enzo saiu cedo, como combinado. Houve um beijo rápido, simples, sem promessa embutida. Patrícia gostou disso. Afeto sem cobrança sempre lhe pa