Patrícia percebeu que havia chegado a hora quando escreveu o nome do bebê pela terceira vez e, ainda assim, sentiu que algo faltava.
Não era dúvida. Era precisão.
O nome precisava caber naquela criança sem carregar peso demais. Não seria homenagem, nem concessão, nem tentativa de apagar o passado. Seria afirmação. Identidade construída desde o início, não expectativa projetada.
Ela fechou o caderno e apoiou a caneta sobre a mesa. O bebê dormia no quarto ao lado, num silêncio tão profundo que parecia ensinar algo a quem observava.
Enzo apareceu pouco depois, trazendo duas xícaras de chá.
— Ainda pensando? — perguntou, sentando-se.
— Pensando certo — Patrícia respondeu. — Não quero um nome que conte uma história que não é dele.
Ele assentiu.
— Você sempre tratou escolhas assim.
— Porque escolhas ficam — ela respondeu. — Emoções passam.
Houve um silêncio breve, confortável.
— Eu pensei em alguns — Enzo disse. — Mas só se você quiser ouvir.
Patrícia o olhou com atenção.
— Quero ouvir. Não