Patrícia sentiu o ataque antes que ele ganhasse nome.
Não veio em forma de ameaça direta, nem de mensagem agressiva. Veio como uma mudança brusca no ar. Uma sucessão de pequenos eventos que, isolados, poderiam parecer coincidência. Juntos, formavam um padrão claro demais para ser ignorado.
Naquela manhã, o porteiro do prédio a chamou pelo interfone.
— Dona Patrícia, tem gente perguntando da senhora aqui fora.
— Quem? — perguntou, calma.
— Repórteres. Dois carros.
Ela respirou fundo, fechou os olhos por um segundo e respondeu:
— Obrigada por avisar. Diga que não dou entrevistas.
Desligou sem pressa.
Enzo apareceu na porta do quarto quase ao mesmo tempo.
— Eu já vi — disse. — Segurança está a caminho.
— Não precisa — Patrícia respondeu, firme. — Eles não vão entrar. E eu não vou correr.
Ele a encarou, avaliando.
— Isso é Bianca testando seus limites — disse.
— Não — Patrícia corrigiu. — Isso é Bianca tentando me empurrar para o papel que ela espera de mim. A mulher acuada. Escondida. As