Patrícia soube que o golpe viria em papel timbrado.
Era o estilo de Bianca. Nada de escândalos diretos, nada que pudesse ser facilmente revertido como agressão explícita. Bianca atacava onde parecia legítimo. Onde o poder vestia terno, carimbo e assinatura.
O e-mail chegou às oito e dez da manhã.
Patrícia estava sentada à mesa, revisando documentos, quando o celular vibrou. Leu a primeira linha e não sentiu medo. Sentiu confirmação.
“Notificação judicial – pedido de tutela preventiva.”
Ela abriu com calma.
O texto era longo, técnico, frio. Bianca solicitava uma medida preventiva alegando “risco à estabilidade emocional da gestante”, “ambiente de alta exposição midiática” e “necessidade de garantir o melhor interesse do nascituro”. Em outras palavras, tentava construir o discurso perfeito para parecer a parte sensata.
Patrícia terminou de ler, fechou o celular e respirou fundo.
— É agora — disse em voz baixa.
Enzo entrou na sala naquele momento, já com o telefone na mão.
— Acabei de re