A matéria foi ao ar às seis da manhã.
Patrícia soube antes mesmo de abrir o celular. O ar parecia diferente, mais denso, como se a cidade inteira tivesse prendido a respiração. Quando finalmente leu, sentiu algo raro percorrer o corpo.
Não alívio. Não vitória.
Coerência.
O texto era preciso, sem adjetivos desnecessários, sem espetáculo. Falava de um erro médico comprovado, de prontuários alterados, de interferências externas documentadas. Não a descrevia como vítima frágil. Descrevia fatos. Contexto. Responsabilidades.
E, pela primeira vez, Patrícia aparecia como o que sempre foi.
Uma mulher consciente, grávida, que se recusou a ser apagada.
O telefone começou a vibrar em seguida. Mensagens de apoio. Algumas curiosas. Outras cautelosas. Nenhuma invasiva. O silêncio comprado havia acabado. Agora existia ruído legítimo.
Enzo entrou na sala com o tablet na mão, o semblante sério.
— O conselho está em pânico — disse. — Mas não por você. Por ela.
Patrícia assentiu, tranquila.
— Era esperad