Patrícia não acordou confusa naquela manhã.
Acordou decidida.
Sentou-se na cama, respirou fundo e levou a mão à barriga. O medo ainda existia, sim. Mas não comandava mais nada. Ela havia passado por humilhação, abandono, chantagem, exposição. Se ainda estava de pé, não seria agora que se perderia.
— Nós vamos atravessar isso — disse em voz baixa. — Do meu jeito.
Na cozinha, Enzo estava em uma ligação curta e objetiva. Quando desligou, percebeu o olhar atento de Patrícia.
— Precisamos conversar — ela disse, sem rodeios.
Ele assentiu imediatamente.
Sentaram-se frente a frente. Não havia tensão emocional, nem rodeios. Era uma conversa de dois adultos conscientes do risco que estavam assumindo.
— Eu sei que existe algo entre nós — Patrícia começou. — Não sou ingênua. Nem você.
Enzo manteve o olhar firme.
— Também sei.
— Mas não confunda isso com fragilidade — ela continuou. — Eu não preciso de alguém para me salvar. Eu preciso de alguém que caminhe ao meu lado sem tentar me conduzir.
Ele