Lorenzo Ferraz
Minha mãe me perguntou se eu queria perdê-la. Celina. Minha mulher, minha luz, minha perdição.
Fiquei em silêncio. Não foi por desprezo, nem por indecisão. Foi por dor. Uma dor que não me larga, que não permite que eu a toque sem me sentir um monstro.
A verdade? Eu não quero perdê-la. Nunca quis. Mas o homem que sou agora... não é o homem que ela merece. Talvez eu precise de uma clínica. De um exorcismo. De um lugar onde eu possa arrancar essa maldita culpa do meu peito.
Por ter deixado Celina criar nosso filho sozinha, por ter me afastado dela quando ela mais precisou.
Só que antes de buscar ajuda, antes de me curar... eu quero pegar Gabrielle. Ela sumiu, escorregou pelos meus dedos como fumaça. Mas não desapareceu da minha mente. Ela ainda está viva dentro da minha raiva.
Celina entrou no quarto de mansinho. Como no hospital, quando eu estava desmoronando e ela simplesmente se deitou ao meu lado.
Ela não falou nada. Só encostou os lábios nos meus, me beijando c