Lorenzo Ferraz
O dia amanheceu frio, mas o calor do corpo de Celina ao meu lado aquecia mais do que qualquer cobertor. Beijei sua testa com cuidado, sem querer acordá-la. O rosto sereno dela enquanto dormia era uma das poucas coisas que ainda me dava paz. Levantei da cama devagar e fui direto para o banheiro. Escovei os dentes, lavei o rosto e encarei meu reflexo no espelho. Meus olhos estavam fundos, exaustos. A culpa me corroía por dentro.
Desci as escadas com passos pesados e fui direto para a cozinha, onde minha mãe já estava acordada, como sempre.
— Oi, mamãe. Bom dia! — murmurei, tentando forçar um sorriso.
— Bom dia, meu amor. — Ela me respondeu com a voz doce. — Como foi sua noite?
— Atormentada. Como sempre. Pesadelos, arrependimento, dor... — Sentei à mesa e apoiei os cotovelos nela, escondendo o rosto entre as mãos. — Mãe, preciso que me prometa algo. Não diga à Celina para onde vou, por favor. Eu preciso ficar um tempo longe. Preciso tirar essa culpa do meu coração ant