— Você não pode tirar meus filhos de mim! – Meu corpo recuou, tremendo. — Não se atreva, pequena. Você é apenas uma jovem falida, eu cuidarei bem de nossos filhos. – Sua voz grave ecoou pela sala. — Por favor, não os tire de mim. – Ajoelhei-me aos seus pés, lágrimas rolando pelo rosto. – Eu... Eu farei qualquer coisa! Um brilho sinistro surgiu em seus olhos, enquanto sua expressão permanecia serena, seu olhar me desafiando. Seus longos dedos forçaram-me a olhar nos seus olhos bicolores. — Seja minha, Hanna. – Sua voz rouca preencheu o espaço. – Deixe-me transformá-la em uma de nós e você poderá juntar-se a mim. A ideia de ser transformada em uma loba, de perder minha humanidade e tudo que conheço, era aterrorizante. Mas, caso eu não aceitasse, ele iria partir e eu jamais o veria novamente, perderia completamente qualquer pista sobre meus filhos. — Eu... Eu aceito. – Minha voz sai em um sussurro. Ele se aproximou lentamente, seus olhos bicolores brilhando com uma intensidade diferente. — Irá doer? –Minha pergunta saiu hesitante. — Oh, querida. Você sentirá a pior dor da sua vida. Cada osso se partirá, sua respiração será pesada, seu coração baterá tão rápido que mal o sentirá. - Ele sussurrou em meu ouvido. — E... E depois? - Minha voz tremeu quando senti suas unhas perfurarem a pele do meu quadril. Sua risada ecoou pela sala, como se eu tivesse contado uma piada. — Oh querida, depois você desejará a morte. – Seus lábios roçaram meu pescoço. – Mas ela não virá. Seus dentes afundaram em meu pescoço, o meu grito de dor ecoou pelo ambiente enquanto meu corpo fraquejava em seus braços. — Boa noite, Hanna. – Ele sussurrou, antes que a escuridão tomasse conta de mim.
Ler mais— Shane, eu... – Tento falar, mas ele me interrompe com seu olhar sombrio.— Em casa nós conversamos, Hanna. – Sua voz soa tão fria que arrepia todos os pelos da minha nuca.Olho para Olivia em busca de apoio, mas a vampira está tão perdida quanto eu. Seu rosto está pálido, assustado.— Catharina, acompanhe Olivia e as crianças até em casa e depois pode tirar o resto do dia de folga. – Shane diz calmamente, dirigindo-se à babá. – Certifique-se de que Olivia e as crianças não sairão de perto da alcatéia.A mulher me lança um olhar hesitante, como se estivesse em conflito com as ordens do Alfa. Tranquilizo-a com um aceno de cabeça, ela suspira, pegando Sebastian no colo; o pequeno está exausto, dormindo profundamente.— Boa sorte. – Olivia sussurra em meu ouvido enquanto me abraça. – Peço desculpas por tudo isso, não pensei que seríamos pegas.— Tudo bem... Apenas leve as crianças para casa e fique de olho nelas. – Respondo com um sorriso nervoso.A loira solta um longo suspiro antes de
— Espera, eu quero ver os leões! – Minha voz é frustrada ao passar pelo hábitat.— Nós não estamos aqui em um passeio ou excursão. Na verdade, você nem tem autorização para sair de perto da alcatéia! – Sua voz é irritada, Olivia dá uma risada nervosa ao ver alguns policiais.Meus passos param ao ver um rosto conhecido entre os policiais. — Vamos Hanna, não podemos nos demorar! – A voz de Olivia soa mais alta e nervosa que o habitual, atraindo a atenção do grupo de policiais.Entre o grupo de policiais fardados, destacava-se um homem vestido com roupas civis, sua camisa azul escuro de manga comprida harmonizava com o uniforme dos seus colegas. Os botões da gola estavam desabotoados, revelando uma parte da sua tatuagem. Seus olhos eram ocultos por óculos escuros, e em sua mão segurava um copo de café da lanchonete do zoológico. Seu cabelo exibia um topete meticulosamente alinhado, repelido para trás pelo gel.— Hanna... – Sua voz rouca soo
O silêncio paira entre nós, enquanto os sons da movimentada vida do zoológico ecoam ao nosso redor. Depois de um longo tempo, decido quebrar o silêncio e trazer à tona uma pergunta que vinha martelando em minha mente.— Como é para os híbridos o envelhecimento? – Minha voz sai hesitante, refletindo minha curiosidade e ansiedade.Olivia me olha por um momento, como se estivesse grata por eu não ter perguntado sobre sua própria transformação. Ela suspira profundamente antes de responder.— Quando o Shane nasceu, fiquei muito preocupada com esse assunto. Procurei diversos lobos anciões e até mesmo alguns vampiros em busca de respostas. Temia que Shane fosse um bebê para sempre, ou pior, que não sobrevivesse, por ser fruto da gestação de uma vampira e de um lobo Alfa. – Ela revela, sua expressão séria e olhar distante.Olivia fica em silêncio por um momento, como se estivesse revivendo lembranças antigas em sua mente.— Depois de muitos meses
— Eu não sei se consigo. – Disse, entre um suspiro, segurando meus joelhos.O conteúdo em meu estômago ameaçava sair. sentia meu corpo travar uma batalha para não ceder aos instintos de expulsar todo o conteúdo de meu estômago, iniciando uma nojenta e suja cena.— Vamos, Hanna! – Olivia bateu em meu ombro, puxando meu corpo, me forçando a ficar de pé novamente. – Você não consegue caçar ou pegar humanos para beber seu sangue, esse é o único jeito que sobrou!Olivia puxa meu cabelo com brutalidade, o movimento faz minha cabeça ir para trás e meu pescoço se alongar, a loira coloca novamente a taça de vidro em minha boca despejando o líquido por completo em minha boca. O líquido, ainda quente, descia pela minha garganta, algumas gotas caiam para fora da minha boca molhando meu pescoço. Me debatia tentando me soltar, mas sua mão segurava meu cabelo com firmeza.— Que nojo! – Gritei quando ela finalmente me soltou. – Droga, acho que vou vomitar.— Não faça isso ou terei que matar outro ch
— Mamãe, você tem que tomar cuidado! – Scott me entrega uma xícara de chá, seus pequenos olhos estavam preocupados. – Não acha que já foi ao hospital muitas vezes desde que o papai apareceu?Sua fala deixa meu coração apertado, eu estava o deixando tão preocupado esses últimos tempos. Estava sendo uma péssima mãe.— Ei garotão, que tal você ir brincar com os seus irmãos e deixar sua mãe e eu termos uma conversa? – Olivia diz, intervindo em meu constrangimento. A lancei um olhar de gratidão, ela sorri dando uma piscadela.— Não vá brigar com ela. – O tom receoso de Scott aperta meu coração. Olivia percebe meu desconforto, abaixando para acariciar o rosto de Scott e bagunçar seu cabelo em seguida.— Não sei da onde tirou essa ideia, mas sua mãe é minha amiga e nós não vamos brigar. – Ela diz, em um tom doce.— É que a mamãe e o papai vivem brigando... Os meninos no parquinho disseram que o papai a jogou no rio. – Scott cruza seus braços, olhando para Olivia com uma expressão questionad
— Me coloque de volta no chão! – Gritei, chutando seu peito. Shane me ignorou completamente, enquanto meus gritos atraíam a atenção da alcatéia. – Alguém me ajuda, esse homem é louco!Supliquei ao ver um grupo de jovens nos observando atentamente. A alcatéia habitava os terrenos montanhosos, na floresta no limite de Winnipeg. Era como uma pequena cidade própria, com casas, estradas e estabelecimentos. Quem habitava esse lugar mal sentia a diferença entre a sociedade humana e a alcatéia de lobos. As únicas diferenças eram comportamentais; agiam seguindo a hierarquia e alguns costumes antigos da humanidade ainda existiam ali, como, por exemplo, ninguém se meter no relacionamento alheio e respeitar a autoridade de Shane. Em termos antigos humanos, Shane seria uma espécie de coronel, xerife da cidade, alguém que todos temiam e respeitavam, alguém a quem obedeciam sem questionar. E por isso, ninguém me ajudou. Desisti de gritar, minha garganta já estava ardendo como se eu bebesse lava, e m
Eu continuo olhando para Olivia, ainda atordoada com a revelação. Shane, o bebê de Olivia? Isso era tão inesperado quanto perturbador. A ideia de que ele era o resultado de uma tragédia tão terrível, ainda mais complicada por sua relação comigo, me deixava sem palavras.— Isso é... incrível e horrível ao mesmo tempo. – Murmuro, tentando processar tudo.Olivia solta minha bochecha e suspira profundamente.— Sim, é uma história complicada e dolorosa. Mas você precisa entender que Shane não é o responsável por isso. Ele cresceu na alcatéia, foi criado pelos lobos, e o trauma do passado moldou quem ele é hoje. – Ela explica, seus olhos transmitindo compaixão.Eu assinto lentamente, absorvendo suas palavras. Era difícil reconciliar a imagem de Shane que eu tinha com essa nova perspectiva. Mas, ao mesmo tempo, explicava muitas coisas sobre seu comportamento e personalidade.— Sei que Shane pode ser um completo idiota quando lhe convém... Ainda
— Oh, Shane, não é nada demais, eu juro! – Olivia responde rapidamente, tentando disfarçar o nervosismo em sua voz. – Hanna apenas não queria que você soubesse sobre um pequeno problema que tivemos com o vestido.Shane franze o cenho, claramente desconfiado. — Que tipo de problema? – Ele pergunta, seus olhos fixos em nós dois, como se estivesse tentando ler nossas mentes.Olivia olha para mim, como se buscasse aprovação para o que estava prestes a dizer.— Houve um pequeno erro na costura das flores, e estamos preocupadas que isso possa afetar a data da cerimônia de união. – Ela explica, sua voz soando mais firme agora que já havia pensado em uma desculpa. – Hanna estava apenas tentando evitar te preocupar antes de termos uma solução definitiva.— Entendo... – Shane murmura, parecendo contemplativo. Seus olhos percorrem o vestido em busca do suposto defeito, mas não conseguem identificar nada. – Bem, precisamos resolver isso o mais rápid
— Você parece deslumbrante. – Olivia diz, ajudando-me a vestir o traje. – Eu sei que não é o seu estilo usual, mas fica incrível em você.Observo meu reflexo no espelho, sentindo-me estranha ao vestir um traje tradicional lupino. O vestido tem os ombros caídos, expondo meu colo. Seu tecido azul escuro é adornado com delicadas linhas de prata, formando desenhos na saia volumosa. É como se eu estivesse vestida como uma princesa de conto de fadas. Meu cabelo está preso em um coque, permitindo que eu veja o colar em meu pescoço, o mesmo colar que minha mãe usou em seu casamento.— Então, este será o traje que usarei na cerimônia de união? – Pergunto, ainda observando meu reflexo.— Este vestido foi feito especialmente para a cerimônia. Você consegue ver essas flores em prata? Elas representam cada fêmea que passou por essa cerimônia. – Olivia sorri, demonstrando orgulho em seus olhos. – Eu sei que ainda há muitas coisas sobre nossa cultura que você não entende