O Alfa Me Tornou Sua
O Alfa Me Tornou Sua
Por: Beatriz Borges
Prólogo

A cada duas décadas, sob a primeira lua cheia do ano, o Alfa parte em busca de sua parceira ideal para perpetuar sua linhagem. As jovens fêmeas de todas as alcateias se preparam durante todo o ano para esse momento, ansiosas para atrair o Alfa com seus aromas e essências da alma. No entanto, nem todas serão escolhidas; apenas aquelas com o aroma que desperta o interesse do Alfa serão selecionadas para a reprodução.

Durante décadas, os Alfas buscaram incansavelmente em todos os cantos, inclusive no mundo humano, pela fêmea perfeita para carregar sua descendência. Durante essa noite única, os lobos têm permissão para explorar o mundo humano em busca de sua nova companheira, enquanto os Alfas procuram pela mulher que dará continuidade à sua linhagem.

Eu desconhecia essas regras até encontrá-lo, até ser obrigada a me tornar sua. Desde o primeiro instante, percebi que ele era único, algo estava fora do comum. Ele se destacava dos outros homens, seja por sua postura, sua voz ou seu modo de caminhar. Fui cativada por seus olhos bicolores, que me hipnotizaram com sua intensidade. Inicialmente, pensei que fosse apenas atração, mas logo percebi que era mais do que isso; era seu poder, mais uma habilidade concedida para ajudá-lo a encontrar a fêmea ideal para carregar sua prole.

Acreditava que tudo não passava de um acaso, uma gravidez resultado de uma noite casual, mas estava enganada... Tudo foi meticulosamente planejado por ele, cada detalhe, cada passo... Ele já me queria, já me desejava muito antes de eu conhecê-lo.

— Se já obteve o que desejava de mim, por que me força a ficar? Por que ainda me quer? Não foi suficiente tirar minha humanidade, destruir minha vida? –Meu grito rouco ecoa pelo quarto escuro.

O eco sedutor de sua risada percorre o quarto, enviando calafrios por todo o meu corpo, enquanto eu lutava para identificar sua posição entre os sons que se espalhavam pelo ambiente. O aroma ali presente era opressivamente intenso, como se o lugar jamais tivesse sido ventilado antes de minha chegada.

— Oh, querida, você ousou desafiar minha autoridade. — Sua voz ressoa, profunda como um trovão. — Agora, terá que enfrentar as consequências de seus atos.

Meu coração acelera, os ruídos de correntes arrastadas pelo chão ecoam no quarto. Não podia ser real, ele não poderia ter soltado a criatura... Ele não faria isso comigo.

Os rosnados e os sons agudos se aproximam, indicando que a besta estava ciente de minha presença. Eu tento me mover, mas as correntes em meus pulsos me mantêm firmemente presa à parede.

— Não me deixe aqui! — Soluço, sentindo minhas pernas cederem. — Por favor, não permita que a criatura me devore!

— Você escolheu seu destino ao desafiar minha autoridade, ao trair nossa alcateia e fugir de nossa cerimônia de união! — Sua voz ressoa como um rosnado furioso.

Os sons da fera se aproximando aumentam minha agonia e desespero, meu grito de terror enche o cômodo, acompanhado por soluços.

— Você não pode permitir que eu morra! Eu... Eu sou a mãe de seus filhos! — Meu apelo é desesperado.

— As leis lupinas me obrigam a encerrar sua existência após o caos que causou. — Sua voz é fria, desprovida de qualquer emoção. — Você não pode viver, Hanna. Agora que conhece nossa existência, nossa localização e nossas leis, não pode mais ser considerada humana. Você foi transformada por mim, nunca mais poderá retornar ao convívio dos humanos.

— Por favor... Me perdoe. — Suplico, agarrando-me à última esperança.

— O perdão é um luxo que não posso me permitir, Hanna. — Ele responde com uma inflexão gélida na voz. — Você representa uma ameaça à nossa existência.

Os ruídos se intensificam, ecoando como um aviso sinistro, enquanto a criatura se aproxima cada vez mais. Meu coração martela no peito, uma mistura de medo e desespero me envolvendo em seu abraço gelado.

— Por favor, há outra maneira! — Imploro, buscando desesperadamente uma saída, qualquer chance de sobrevivência.

— Não há mais alternativas, Hanna. Você fez sua escolha e agora pagará por isso. — Sua voz ressoa com uma autoridade inabalável.

O som das correntes se arrastando pelo chão se mistura com os rugidos da fera, criando uma cacofonia assustadora que ecoa pelo quarto escuro. Sinto-me enredada em um pesadelo do qual não posso escapar.

— Por favor... — Minha voz vacila, as lágrimas borrando minha visão. — Eu não queria isso. Eu não sabia...

Mas minhas palavras se perdem no ar, dissipando-se como fumaça diante da inevitabilidade do destino que se aproxima. Eu me agarro à última centelha de esperança, mesmo sabendo que é em vão.

— Eu... Eu me casarei com você! — Gritei, sentindo meu corpo tremer diante da ousadia de minhas palavras.

— Casar? — Sua voz ecoou, carregando uma nota de confusão, como se minha proposta fosse algo completamente inesperado.

Meu coração bateu mais rápido ao perceber que finalmente conquistei sua atenção. Tentei me levantar, mas minhas pernas ainda estavam trêmulas. Os ruídos da criatura cessaram, como se ela estivesse aguardando o comando de seu Alfa.

— Eu me casarei com você, não apenas segundo os costumes lupinos, mas através de uma cerimônia humana. — Afirmei, lutando para discernir sua figura na escuridão. — Isso seria suficiente para afastar qualquer busca de meus amigos humanos, ao mesmo tempo que obedeceria às leis de sua alcateia.

Seu silêncio aumentou minha aflição, deixando-me temerosa pela resposta que viria a seguir.

— Se aceitar, prometo que nunca mais desobedecerei suas ordens e permanecerei na alcateia para sempre. — Declarei, reunindo cada resquício de coragem que me restava.

O som dos passos ecoou pelo cômodo, arrepiando minha pele enquanto eu lutava para controlar o medo. Me assustei quando suas grandes mãos tocaram meu pulso, libertando-me das correntes. Antes que eu pudesse cair, seus braços envolveram meu corpo.

— Sem jogos, sem brincadeiras. — Ele sussurrou perto do meu ouvido, sua voz carregada de ameaça. — Se tentar mais alguma coisa, acabarei com você.

Um gemido de dor escapou de meus lábios quando uma picada atingiu meu braço.

De repente, tudo começou a girar ao meu redor, a escuridão do quarto parecia envolver-me.

— O que... o que você fez comigo? — Minha voz saiu arrastada, meu corpo tornando-se pesado, assim como meus olhos. Lutei para manter-me consciente.

— Durma, senhorita Payton. — Ele sussurrou, suas palavras foram as últimas que ouvi antes de a consciência abandonar meu corpo.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >
capítulo anteriorpróximo capítulo

Capítulos relacionados

Último capítulo