As pessoas ao redor começaram a murmurar.
— A pulseira dela... Não é aquela imitação da "Amor Eterno", a joia que o Ricardo comprou por milhões para a esposa?
— Hoje é a primeira aparição pública da Sra. Nunes... Se ela aparecesse com falsificação, seria um insulto direto, não?
Um homem de terno impecável franziu o cenho e perguntou:
— Bruno, ela é sua amiga?
Bruno, vendo que eu não olhava para ele nem por um segundo, ajeitou a gravata e respondeu friamente:
— Não.
Ao ouvir isso, os olhos da Isadora brilharam. Ela levantou o queixo e gritou:
— Tira essa pulseira agora e cai fora daqui!
— Tem certeza de que quer que eu vá embora? — Olhei para ela, serena.
Meu tom calmo só a deixou ainda mais furiosa. Na cabeça dela, eu deveria estar chorando, me curvando, implorando para ficar.
Mas eu não fiz nada disso.
O olhar de Isadora ficou mais cruel quando ela voltou a gritar:
— Para de fingir! Tira logo essa porcaria!
No segundo seguinte, ela avançou para arrancar minha pulseira à força.
Desviei da mão dela e dei dois passos para trás.
Só que, nesse momento, alguém atrás de mim esticou a perna de propósito, e eu tropecei.
Apoiando as mãos no chão, caí com força, sentindo o choque atordoar meus sentidos.
Isadora soltou uma risada fria e, sem hesitar, pisou na minha mão caída no chão. Com um movimento bruto, arrancou a pulseira do meu pulso.
— Uma joia dessa só gente barata como você trataria como tesouro!
A dor era lancinante.
Meu braço latejava, e o dorso da mão já estava em carne viva.
Mas eu só conseguia olhar, completamente paralisada, para a pulseira quebrada e as pedras rolando pelo chão.
— Levem ela! Joguem essa vagabunda pra fora! — Isadora ordenou, altiva.
Imediatamente, várias pessoas se aproximaram para me agarrar.
Quando senti mãos prestes a segurar meus braços e pernas, reuni forças e disse, entre a dor e a urgência:
— Parem! Eu sou a esposa do Ricar...
Antes que eu terminasse, o tapa da Isadora veio com tanta força que meu rosto virou para o lado.
— Ainda vai continuar fingindo?! Vai inventar de novo que é esposa do Ricardo? Com que moral? — Isadora gritou.
E, sem esperar resposta, ela virou a mão e me deu outro tapa.
A queimadura no meu rosto era insuportável. Cerrei os dentes, sentindo a dor latejar, mas dentro de mim... Algo muito frio começou a despertar.
Eu tinha voltado ao país sem intenção alguma de brigar com ela.
Minha vida era feliz demais para eu me rebaixar a isso.
Mas agora...
Agora eu jurava que ela pagaria por cada coisa que fez.
Bruno se agachou na minha frente e tentou tocar o machucado no meu pulso. Instintivamente, afastei a mão.
A expressão dele endureceu na mesma hora.
— Floriana, já deu o seu show? Você veio aqui com essa pulseira falsa, vestida desse jeito, só pra chamar minha atenção e tentar me reconquistar, não foi? Se você pedir agora, eu te ajudo a sair dessa situação e deixo você continuar ao meu lado.
— Bruno, você realmente se acha o centro do universo, né? — Eu soltei uma risada fria.
Ele franziu a testa, prestes a retrucar, mas antes que pudesse abrir a boca percebeu que o salão estava ficando silencioso.
Muito silencioso.
De repente, todos começaram a ajeitar suas roupas, endireitar as gravatas, arrumar os cabelos.
Os olhares se voltaram, tensos, para a entrada principal do evento.
Bruno me puxou rapidamente e murmurou, nervoso:
— O Ricardo vai chegar a qualquer momento. É melhor você se comportar! Mas fica tranquila... Eu e a Isadora já nos divorciamos. Posso te dar uma chance.
Olhei para ele sem entender.
E sem a menor vontade de entender.
O que quer que tivesse entre ele e Isadora já não tinha importância alguma para mim.
Não pretendia gastar mais uma palavra. Apertei o pulso machucado e, quanto mais olhava para aquele homem, mais repugnante ele me parecia.
Nesse momento, as luzes da entrada principal se acenderam.
Ricardo entrou carregando nosso filho, caminhando em meio a um cortejo de olhares respeitosos.
Assim que o pequeno pôs os pés no salão, começou a se mexer para descer do colo. Era tão esperto e tão adorável que, instantaneamente, chamou a atenção de todos.
Ele olhou ao redor com aqueles olhos enormes e brilhantes.
Cada pessoa que recebia aquele olhar levava a mão ao peito, como se tivesse acabado de ganhar uma bênção divina.
Bruno então se virou para mim, completamente deslocado da realidade.
— Floriana, desde que você pare de sentir ciúme e provocar a Isadora, eu posso te perdoar por ter sumido três anos. Mas você tem que me dar um filho. Um mais bonito do que aquele ali.
Eu nem o ouvi.
Meu olhar já estava preso, completamente, no meu marido e no meu filho.
Os dois me viram ao mesmo tempo.
E, naquele instante, os olhos dos dois brilharam juntos.
Segundos depois, Ricardo segurou a mão do nosso pequeno e veio direto na minha direção.