O impacto da água foi uma lâmina gelada que o cortou inteiro.
Por um segundo, o corpo de Ian não respondeu; o choque térmico roubou-lhe o ar, e o peso da roupa molhada o puxou para baixo. Mas ele não lutou contra a queda.
Lá embaixo, o mundo era negro. Um vazio líquido.
Ele abriu os olhos e viu apenas o nada.
O próprio som se dissolvia, substituído por aquele silêncio denso, quase sagrado, o tipo de silêncio que só existe antes da morte.
Mas então, algo atravessou a escuridão: o pedaço de tecido branco que ele ainda segurava no punho.
O mesmo que encontrara no jardim.
O mesmo pedaço do vestido dela.
Foi o estopim.
Ian nadou.
Não com técnica, mas com raiva.
O sangue pulsava nos ouvidos, e o sal queimava os cortes abertos nos braços. As pedras cortavam sua pele, mas ele não sentia.
Tudo o que importava era encontrar.
Um som surdo explodiu dentro de sua cabeça; o eco do próprio nome dela.
Olívia.
Ele emergiu com um jorro, o ar rasgando seus pulmões como fogo. A tempestade cuspia espuma a