Do outro lado da porta do quarto de Nicolau, o silêncio pesava tanto quanto lá dentro.
Clara e Benjamin estavam imóveis, como estátuas, mas os olhares eram tensos, vidrados na madeira que separava seus ouvidos da voz grave e cansada do patriarca.
As palavras atravessaram a fresta da porta como lâminas afiadas:
“…não daqui a duas semanas… mas no próximo fim de semana. Três dias.”
Clara perdeu o ar por um instante. O coração disparou, um aperto quente subiu-lhe ao rosto. Voltou-se para Benjamin, os olhos arregalados.
— Você ouviu isso? — sussurrou, a voz quase falhando.
Benjamin não respondeu de imediato. O maxilar contraído, os olhos escuros, a respiração curta. Ele odiava admitir, mas sim, ouvira cada sílaba.
O casamento. Adiantado. Três dias.
O sangue lhe subiu à cabeça com lembranças que não queria. A pressa, os votos vazios, Olívia de branco ao lado dele anos atrás. E agora, de novo, estava perdendo. Sempre perdendo.
Benjamin passou a mão pelos cabelos, nervoso, mas tentou recupera