Angelina Da Costa
Novidade nenhuma que Francesca estivesse jogando. Já tinha suspeitado no dia anterior, suspeitava até da presença dela no escritório. Agora, com a recepção lotada, parecia que tínhamos cinquenta pessoas amontoadas ali. Talvez ela tivesse saído distribuindo convites por todo o prédio.
Mas nem isso me intrigava. Não era qual jogo ela estava jogando, afinal, o interesse dela eu já conheço. O que eu queria entender era como e por que ela se atentou ao aniversário de Saulo. Ele nem gosta desse tipo de coisa.
Odiava sentir que conhecia alguém como a palma da minha mão. Dá uma falsa segurança... e, no fundo, é quando a gente quebra a cara. Foi assim com Raul. E eu não queria quebrar a cara de novo.
Quando tudo terminou, eu estava cercada de trabalho: pratos espalhados, restos de chantilly no chão, Rafael resmungando porque devoraram os dois bolos, e Saulo... sentado na minha mesa, observando tudo em silêncio.
Se eu fosse como a Ana Júlia, teria gritado: "Mais que desgraça!"