Saulo Prado
Observei a casa verde e branca em que vi Diogo entrar e não pude negar: o sujeito é bem privilegiado. Uma casa grande, talvez a maior do condomínio. Enquanto ele falava, a palavra "filhos" escapou dos lábios dele e ficou ecoando na minha cabeça. Dois? Três? O modelo perfeito de família, com certeza.
Corri como de costume, tentando apagar os pensamentos, até chegar em casa. Dona Laura, o vestido cinza dançando no corpo, o cabelo preso, ela estava na cozinha. Me aproximei por trás, abracei devagar, beijei o ombro dela. Mas ela virou o rosto, fria.
- Ainda chateada? - perguntei baixinho, sentindo a fragilidade dela.
Silêncio. Só o corpo dela quieto dentro do meu abraço, me ignorando.
- Desculpa te decepcionar, dona Laura. Posso até tirar a barba... mas netos, é só o Jolie mesmo. - soltei, me afastando.
Ela respondeu sem me olhar:
- Não precisa tirar a barba. Só preciso de uma foto sua sem ela.
Ri de leve, já da porta.
- Quando a senhora encafifa com uma coisa... O que é? Tá