Saulo Prado
Eu entrei na sala de Frantesca com força, sem pedir licença, sem bater. Ela sequer se assustou. Estava sentada na cadeira giratória como se fosse dona do mundo, girando uma caneta entre os dedos, com seu sorriso cínico que me fazia querer quebrar alguma coisa.
- Tem ideia do que acabou de fazer? - soltei, minha voz soando mais rouca do que eu imaginava.
- Acalme-se, Saulo - ela respondeu, com o tom doce falso de sempre. - Só poupei sua... recepcionista de passar vexame. Achei que agradeceria.
Tive que fechar os olhos por um segundo pra não explodir.
- Ela não é somente recepcionista. Eu autorizei que ela colhesse aquele depoimento. Eu, Frantesca. Você passou por cima de mim. E publicamente. Deixou a testemunha desorientada, sabe o que fez?
Ela deu de ombros como quem derrama café numa blusa e acha que basta trocar.
- Você confia demais nela, Saulo. Isso vai te custar. Vai afundar com ela se continuar nessa cegueira.Essa mulher nem advogada é, nunca colocou os pés numa facu