Saulo Prado
Eu só queria continuar ali, com Angelina contra o meu peito, a respiração ainda descompassada. Mas ela tinha os seus problemas, e eu, os meus. Ainda ecoava em minha mente a conversa com Otávio Prado, mas nada parecia tão forte quanto a pergunta silenciosa que não me deixava em paz: o que eu tinha feito para encontrá-la?
Nunca acreditei em destino, muito menos em alma gêmea, mas nada me tirava a certeza de que Angelina era a minha. Eu nunca quis que duas horas durassem tanto. Era o tempo que tínhamos. Tempo curto, cruel, que terminava rápido demais.
Quando o relógio marcou o fim, levantei da cama e a vi diante do espelho, secando os cabelos com a toalha. Me aproximei devagar e beijei seu ombro úmido, num gesto que eu queria prolongar para sempre.
- Daria qualquer coisa para terminarmos esta noite na chácara. - confessei baixinho, percebendo que toda separação é tormento.
Ela me olhou pelo reflexo, sorrindo, mas balançou a cabeça devagar.
- Talvez amanhã, amor. Agora, prec