Quer exclusividade?

A 4 Nipes fazia parte da minha vida. Acho que eu conhecia mais eles do que a minha própria família.

Fred Hunt era o guitarrista, conhecido como o Rei de Copas. Magro, alto, rosto magro, nariz fino, olhos levemente estreitos e de um azul claro que simplesmente não parecia ser real. Era o garoto problema da banda, sempre envolvido em confusão. Na mídia, era o que mais aparecia, não pelo talento, mas pelas atitudes duvidosas e encrencas que deixava pelo caminho. Simone dizia que não conseguia entender como eu fui me apaixonar justo por ele, que nem era o tão “amado” do público. Sem contar que era o mais “errado” e eu sempre fui a miss certinha.

O que dizer? Amor não se explica, se sente. E o que eu sentia por aquele estranho era mais forte que qualquer coisa que já senti antes. O sorriso, o olhar, a forma como tocava a guitarra, como se quisesse explodir o mundo... me encantava. Desde que conheci a 4 Nipes, o escolhi.

Acho que o endeusei. Eu era tão fodida na vida que precisava de alguém para amar desesperadamente. E como estava tão acostumada a tudo ser difícil, quase impossível para mim, escolhi ele. Fred Hunt era o meu amor impossível. E aquele que me fazia levantar da cama todas as manhãs, na esperança de um dia encontrá—lo pessoalmente. O meu objetivo de vida.

Gabriel Dimitryev era o vocalista, chamado de Às de Espadas. O mais requisitado. O mais bonito. O mais centrado. O líder da banda. Era conhecido por uma das vozes mais bonitas do planeta. Mas era como eu... “certinho” demais.

Fred era a minha aventura, a minha fuga, a minha vitória que nunca chegaria. Ele era como a utopia, que você almeja, mas sabe que jamais terá.

Maxon Vecchi, o Valete de Ouro, era o bebê da banda. O baterista mais jovem da história a ser reconhecido como um dos que tinha mais habilidade com as baquetas. Era um garoto discreto, sempre com um sorriso no rosto. Bonito, com um bebê Jonhson. E aos 18 anos tão lendário quanto John Bonham, do Led Zeppelin.

Mas meu Fred, embora fosse bom pra caralho, nunca recebeu uma comparação com Slash, do Guns N’ Roses, por exemplo.

E por último, mas não menos importante, tinha a Rainha de Paus, Laisa Marie. Ela era irmã de Maxon... talvez adotada, como eu, já que eram extremamente diferentes. Maxon era o “bonitinho certinho”. Laisa a mulher de fazer o trânsito parar enquanto quebrava seu baixo num carro próximo. Com uma lista de pequenos delitos e confusões, a garota da 4 Nipes gostava de “causar” e disto ninguém tinha dúvidas. Diziam as más línguas que ela já tinha ficado com Fred e Gabriel. Mas eu sabia que a mídia mentia um pouco. Ou não.

Eu gostava dela... simplesmente porque ela fazia parte da 4 Nipes. Acho que Laisa Marie era a garota mais invejada do planeta.

Eu também tinha inveja dela. E me perguntava como devia ser aquela garota e ver Fred todos os dias... e viajar com ele. E cantar num palco com ele. E... fumar do lado dele. E... ser amiga dele.

Então sim... eu abri a porta e fiquei ali, pensando no quanto de tempo demorei para realizar o meu sonho com relação a 4 Nipes, mais especificamente Fred Hunt, o guitarrista, que naquele momento estava na minha frente, ou melhor, na cama, praticamente nu, junto de uma garota que eu desconhecia, que me parecia não ser ligada a 4 Nipes.

Aquele encontro não era para acontecer. Aliás, Dominic quase o impediu de acontecer. E talvez... eu realmente não deveria estar ali.

Por mim minuto eu preferi ficar com a ideia do que Fred poderia ser... amá—lo e venerá—lo em silêncio, sem ver quem ele realmente era.

Respirei fundo, tentando recuperar o ar que me faltava. Passei os olhos pelo quarto e fiquei chocada com o tanto de bagunça que tinha por ali, sendo que há horas atrás eu havia deixado tudo impecável.

As roupas de cama no chão era o de menos. O fato de Fred preferir dormir no colchão puro ou mesmo ter transado tanto a ponto de fazer com que os lençóis caíssem foi o que menos me incomodou naquele momento.

O odor de cigarro dominava o ambiente. E embora eu nunca tivesse experimentado cocaína, não era nenhuma idiota a ponto de não saber o que era. Notas de dinheiro estavam enroladas sobre a bandeja espelhada que foi retirada do banheiro. Ainda havia vestígios do pó branco sobre o móvel, deixando claro que foi usado às pressas e tinha quantidade suficiente para ser desperdiçada.

Mal consegui admirar Fred só de cueca, com todo o peito à mostra, o que confirmava que era o mais magro do grupo. Os olhos estavam cansados. As olheiras deixavam claro o quanto estava estogado. Os cabelos desgrenhados me deixavam na dúvida se ele era horrível ou ainda mais perfeito daquele jeito.

— Caiu bebida na cama. – Ele explicou, levantando e vindo na minha direção.

Foi quando lembrei que eu não tinha lençóis para trocar. Só intenção.

Comecei a juntar as garrafas vazias do chão, de forma automática. Se eu estivesse no meu estado normal, estaria com meu carrinho e as colocaria no lixo que havia dentro dele. Depois faria a cama, com os lençóis que também estariam disponíveis. Porém eu não tinha nada. Só vontade de ser útil. Ou melhor, eu não queria ser útil. Eu só estava ali para conhecer o meu ídolo.

Juntei todas as garrafas e ajeitei nos braços, levando—as até o banheiro, jogando dentro da lixeira. Óbvio que não couberam todas. Retirei a tampa automática da lixeira e fechei o saco, tentando não observar mais do que eu já tinha observado. Mas quando saí, a garota que estava sobre a cama jogou outra garrafa no chão, me olhando de forma debochada.

Engoli em seco, indo juntar. Eu não era hipócrita a ponto de não saber o meu lugar ali. Assim que levantei com a nova garrafa na mão, fui contida por Fred. Ele pegou meu braço, impedindo—me de me mover. Foi quando nossos olhos se encontraram pela primeira vez. E senti o mundo inteiro estremecer, como se um terremoto estivesse acontecendo naquele exato momento, com a promessa de não deixar nada no lugar.

— Deixa esta porra no chão. – Ele disse ainda me encarando.

— Mas... – tentei justificar, porém as palavras morreram nos meus lábios.

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