O transplante (II)

E, por mais difícil que estivesse sendo, se fosse preciso, eu faria tudo de novo, quantas vezes fossem necessárias. Mesmo esgotada, mesmo quebrada, mesmo destruída, mesmo sem saber quem eu seria quando tudo aquilo acabasse.

O dia do transplante chegou sem alarde, como se fosse só um dia normal. Não teve música dramática, solos de guitarra, drones, nem contagem regressiva. Veio do jeito que tudo vinha naquele hospital: silencioso, técnico, assustador justamente por isso: era normal. Mas não para mim. Não para Jimi. Não para a nossa família.

Eu acordei antes de Jimi, embora mal tivesse dormido. O quarto parecia menor, como se estivéssemos sendo engolidos pelas paredes.

Os médicos entraram cedo. Explicaram de novo, com a mesma paciência didática de sempre, como se repetir pudesse me blindar do medo:

— Não é uma cirurgia, senhora

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