A noite caiu, e eu continuo preso em meus próprios pensamentos.
O prédio está silencioso agora. Todos já foram embora, mas eu fiquei. Sempre fico. É mais fácil lidar com números e relatórios do que com aquilo que está crescendo dentro de mim.
Anna.
Desde que ela entrou na empresa, eu sabia que seria diferente. Ela é… intensa, mesmo quando não percebe. A forma como olha para cada detalhe, como se entrega ao trabalho, como se fosse capaz de iluminar até os dias mais cinzentos.
E, hoje, quase deixei escapar algo que não deveria.
Quando a vi sozinha, ainda na empresa, algo em mim se quebrou. Eu queria dizer para ela ir para casa, queria apenas cuidar dela, mas o que consegui foi uma frase boba sobre não se sobrecarregar.
Ridículo.
Eu, Gabriel Rodrigues, magnata que negocia milhões todos os meses, que nunca perde o controle, não sou capaz de dizer para uma mulher o que realmente sinto.
A verdade é que tenho medo.
Medo de deixar alguém chegar perto demais. Medo de ser visto de verdade