Capítulo 4

Salvatore estava em seu posto, a postura rígida e os olhos atentos, como sempre. Nada escapava de sua vigilância. A base estava tranquila naquela manhã, e a sua única missão era garantir que tudo funcionasse como deveria. Ele não tinha tempo para distrações. Como soldado, ele foi treinado para focar, para não se deixar levar por sentimentos ou fraquezas. A guerra não perdoa, e ele sabia disso melhor do que ninguém. O treinamento, as batalhas, a disciplina; tudo o moldara. A partir do momento em que vestiu o uniforme, sua vida havia se resumido a uma única missão: cumprir sua função sem vacilos. O conceito de misericórdia nunca fizera parte do seu vocabulário.

Quando ouviu os passos se aproximando, o instinto o alertou antes mesmo de os ver. Nada passava despercebido em seu campo de visão. Ele estava posicionado na entrada da base, o portão imponente à sua frente, seu olhar firme como sempre. Mas algo, naquela manhã, pareceu mexer com o ar.

A jovem que se aproximava caminhava com a postura de quem não estava ali por acaso. Havia algo nela que chamou sua atenção, algo que não sabia identificar imediatamente. Seu olhar avaliava cada movimento dela, cada passo, como se fosse uma ameaça em potencial. Salvatore se manteve firme, sem expressar nenhuma emoção.

Ela se aproximou mais, até parar diante dele, e ele imediatamente fez o que foi treinado para fazer... barrar a entrada.

— Senhorita, qual é o motivo da sua visita? — Salvatore manteve sua voz firme, controlada, sem qualquer interesse.

Ela o avaliou por um momento, os olhos curiosos, mas não parecia intimidada.

— Sou Olivia Fiore, filha do general Riccardo Fiore. — Ela disse, tentando passar a autoridade de seu nome. — Estou aqui para fazer uma surpresa para o meu pai. Ele não sabe que voltei da Rússia.

Salvatore a observou atentamente, mantendo sua expressão impassível. Olivia Fiore. O nome não significava nada para ele naquele momento. Ela poderia ser quem fosse, mas isso não mudava seu dever. Ele tinha um trabalho a fazer, e a missão estava clara.

— Senhorita, sem autorização formal, não posso permitir sua entrada. O general Fiore está ocupado no momento. — Respondeu ele, sem mudar a postura.

Olivia parecia surpresa por um instante, mas rapidamente recuperou a compostura.

— Eu entendo as regras, mas meu pai me autorizou a entrar. Ele não vai gostar disso. — disse ela visivelmente irritada.

Salvatore observou-a atentamente, pegando seu celular, e rapidamente, uma voz soou do outro lado. Era o general Riccardo, ele continuava neutro, enquanto ouvia Olivia, pedindo para que o general liberasse sua entrada.

Quando o general liberou sua entrada, Salvatore apenas fez um gesto afirmativo, sem questionar. Ele sabia que, na hierarquia, não havia espaço para resistência. Quando a porta se fechou atrás de Olivia, ele permaneceu de pé, ainda com a mesma postura rígida, como uma estátua que não se movia, não se deixava afetar.

— A senhorita pode seguir pelo corredor, primeira porta à direita, é o escritório do general. — Salvatore disse, sem demonstrar qualquer emoção em suas palavras.

Apenas observou Olivia se dirigir até o escritório de Riccardo, a vendo sumir virando o corredor.

Algum tempo depois, Salvatore se dirigia até o escritório do general para informá-lo de que precisavam de sua presença na sala de comando. O general se despediu de Olivia e pediu para que Salvatore esperasse. Salvatore se manteve de pé, perto da porta, rígido, enquanto aguardava o retorno do general.

— Não tem muita conversa para um soldado, não? — Disse Olivia, forçando um sorriso.

Salvatore a observou seriamente e apenas respondeu com sua voz firme e tranquila.

— Conversa não é parte do meu trabalho, senhorita. — Ele disse sem desviar o olhar.

— Sempre tão rígido? Deve ser cansativo manter essa postura o tempo todo. — Olivia comentou, cruzando os braços.

— Disciplina não é cansativa, é um hábito. — Respondeu ele, seco.

— E você tem algum outro hábito além da disciplina? — Ela perguntou, com um tom levemente provocativo.

Salvatore manteve-se impassível por um instante, antes de responder.

— Cumprir meu dever. Esse é o único hábito que importa.

Quando Olivia ia fazer outra pergunta a Salvatore, o general Riccardo entrou na sala, se despediu da filha e pediu para Salvatore acompanhá-la até a saída da base militar.

Salvatore abriu a porta, e esticou o braço indicando a saída.

— Até logo, senhorita Fiore. — Disse, com um tom suave, mas ao mesmo tempo, a frieza em sua voz se fazia presente.

— Até logo, Salvatore. —Ela respondeu, após ficar algum tempo observando Salvatore, como se quisesse lhe fazer mais perguntas.

Salvatore estava focado, sua postura imperturbável enquanto acompanhava Olivia pelos corredores da base. Não importava quem ela fosse ou o que estivesse acontecendo. Ele foi treinado para lidar com qualquer situação com um único propósito.. cumprir sua função. E naquele momento, sua função era garantir que ela deixasse a base sem causar nenhum problema, sem complicações.

Ele caminhava ao lado dela, mantendo o ritmo rápido, sem sequer desviar os olhos da frente. A base era um labirinto de corredores e áreas de segurança, e Salvatore conhecia cada centímetro dali. Não havia falhas, não havia margem para distrações. O silêncio entre eles era denso, mas ele não se importava com isso. A guerra o ensinara a viver na solidão, a trabalhar sem qualquer forma de interação desnecessária.

Olivia parecia querer quebrar aquele silêncio. Ela lançou um olhar para ele, mas ele não se incomodou em olhar de volta. O que ela pudesse pensar ou sentir não interessava. Seu objetivo era simples...assegurar que ela seguisse o caminho até a saída da base e então, finalmente, deixá-la partir.

— Está tudo bem, eu sei onde estou indo — ela disse, tentando, talvez, aliviar a tensão que pairava no ar.

Salvatore manteve seu ritmo firme. A resposta que ele deu foi breve, objetiva, como sempre.

— Não posso permitir que você se desvie do caminho.

Ele não tinha intenção de ser rude, mas sua maneira de ser não permitia mais do que isso. Ele não era o tipo de homem que se deixava influenciar por palavras ou gestos. Seu trabalho, sua missão, sempre foram sua prioridade. A guerra não deixou espaço para gentilezas.

Enquanto caminhavam em direção à saída, Olivia não parecia muito interessada em conversar, mas suas tentativas de quebrar o gelo o fazia perceber que ela, de alguma forma, queria desafiar seu comportamento rígido. Ele notou o jeito como ela olhava para ele de vez em quando, como se tentasse decifrá-lo. Mas isso era irrelevante para ele.

A chegada à saída da base foi silenciosa, quase como uma conclusão inevitável do que já estava claro para ambos. Não havia mais nada a ser dito. A porta pesada da base se abriu lentamente, e Salvatore parou ao lado dela, observando o exterior com a mesma calma de sempre. O ambiente lá fora era vasto, imponente, e ele sabia que o mundo além da base era um lugar sem misericórdia, onde o jogo de poder e sobrevivência se jogava em uma escala muito maior.

Olivia deu um último olhar para ele, talvez buscando alguma reação, talvez esperando uma gentileza que ele não seria capaz de oferecer. Mas Salvatore permaneceu firme, impassível. Ele não precisava de mais nada.

— Até logo — disse ela, novamente, e sua voz tinha uma nota que ele não soubera identificar. Não importava. Ele apenas assentiu, a mesma expressão séria de sempre.

Ela então se afastou, e o som dos seus passos foi se afastando até desaparecer. Ele ficou ali, observando a porta se fechar atrás dela, voltando para o seu posto, onde nada mais importava além da próxima tarefa que o aguardava.

Para ele, mais uma missão cumprida, sem espaço para emoções ou arrependimentos. Porque, para Salvatore, a guerra não dá espaço para fraquezas. Nunca deu.

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