Eram cerca de 3h30 da madrugada. O corredor do hospital estava silencioso, apenas o som distante dos monitores e o eco dos passos ocasionais de enfermeiras quebravam o ar pesado da noite.
Na sala ao lado da UTI, Dona Helena permanecia sentada, com o rosto pálido e as mãos inquietas sobre o colo.
Ao seu lado, Gustavo, o médico e velho amigo de infância de Rafael, permanecia em silêncio respeitoso. O tratamento entre eles sempre foi de carinho — ela o chamava de “filho”, e ele a tratava com a ternura e respeito que teria com a própria mãe.
Enquanto Henrique havia saído para fazer uma ligação, ela se voltou para o médico:
— Filho… eu preciso te pedir uma coisa.
Gustavo a olhou com atenção, percebendo o tom sério da voz dela.
— Pode pedir o que quiser, tia Helena.
Ela respirou fundo antes de continuar:
— Preciso que me ajude a encontrar Isadora.
Ele hesitou.
— A Isadora?
— Sim. Eu sinto, aqui dentro — pousou a mão sobre o peito — De alguma forma… ela é a força que ele precisa pra reagir.