Ronaldo
Assim que o primeiro traço do amanhecer riscou o céu, levei Margarida para dentro. O ar ainda carregava o frio da madrugada, e o silêncio da casa nos envolvia como um segredo. Eu a carreguei até o quarto, não permitiria que ninguém a visse daquele jeito — exposta, vulnerável, minha. Deitei-a com cuidado sobre os lençóis e me estiquei ao seu lado. Queria absorver cada minuto daquele momento antes que a realidade nos encontrasse.
Algumas horas depois, batidas apressadas na porta me arrancaram de um sono pesado. Abri os olhos num rompante, o coração já em alerta. Margarida também despertou, assustada, os cabelos bagunçados emoldurando seu rosto marcado pelo cansaço e por algo que eu não sabia nomear — mas que me encantava.
Ela olhou para nós dois, nossas roupas espalhadas, os corpos ainda quentes da noite anterior. Suspirou.
— Que susto... Achei que alguém estivesse nos vendo lá fora, no deque — murmurou, ainda sonolenta.
— Eu trouxe você antes do sol nascer — falei, a