O cheiro de café fresco enchia o apartamento quando abri os olhos. A claridade filtrava pela cortina fina, suave demais para o peso que eu carregava no corpo. Por um instante, pensei que havia sonhado tudo Dante surgindo das sombras e o soco certeiro que interrompeu uma noite que poderia ter terminado em tragédia.
Mas o som na cozinha me trouxe de volta. Panelas batendo, uma risada abafada, o chiado da frigideira. Lív.
Levantei devagar. O corpo ainda doía da tensão da noite passada. No espelho do corredor, meu reflexo denunciava olheiras profundas, eu preciso de um spar urgente. Puxei o cabelo em um coque frouxo, vesti um moletom leve por cima da regata e segui até a cozinha.
Encontrei Lívia de costas, mexendo ovos mexidos com a naturalidade de quem transformava qualquer espaço em lar. O vestido preto glamouroso da noite anterior agora estava jogado no encosto da cadeira, trocado por uma camiseta velha dos Backstreet Boys e um short de algodão.
— Bom dia, Bela Adormecida. — ela disse