Augusto
Estava no escritório de casa, encostado na poltrona de couro, enquanto Luísa caminhava de um lado para o outro. O estalar dos saltos dela no piso ecoava como um relógio, marcando o tempo que tínhamos para agir antes que Alexandre nos ultrapassasse de vez.
— Isso não pode continuar assim — disse ela, cruzando os braços e parando diante de mim. — Ele está avançando rápido demais, Augusto.
Concordei com um aceno, mas não tirei os olhos do copo de uísque que segurava.
— Eu sei disso, Luísa. E você sabe tão bem quanto eu que, se ele se casar com Lara, nossa posição na empresa será irrelevante. Ele vai se consolidar como o herói dos acionistas, o queridinho da mídia.
Ela bufou, jogando-se na cadeira à minha frente.
— E o pior é que, de certa forma, está funcionando. Desde que ele apareceu com essa garota, as vendas dispararam. A imagem da empresa está melhor do que nunca.
Inclinei-me para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos.
— As vendas aumentaram 95%, Luísa. Noventa e cinco