63. Fragmentos de Silêncio
O dia amanheceu cinza.
E talvez fosse só coincidência, mas parecia que o céu combinava com o que havia dentro de mim.
Permaneci deitada por horas, encarando o teto, tentando encontrar um motivo para levantar da cama. O silêncio do apartamento era quase ensurdecedor. Nenhum som, nenhuma mensagem, nenhuma ligação.
Nada.
Kairos não ligou.
Não mandou uma mensagem sequer.
E por mais que eu quisesse fazer o mesmo — pegar o celular, digitar algo, qualquer coisa —, eu não consegui. Porque, no fundo, eu sabia que ele não responderia. E talvez fosse isso o que doía mais: perceber que, dessa vez, ele realmente tinha decidido me afastar.
Levantei-me devagar, com o corpo pesado, como se cada movimento exigisse força demais. Caminhei até a sala, tentando me ocupar com qualquer coisa, mas tudo parecia sem sentido. As plantas precisavam de água, a pia tinha uma xícara suja, o relógio marcava onze da manhã — e nada daquilo me importava.
Sentei-me no sofá, abracei um travesseiro e fechei os olh