Capítulo 7
O leilão começou oficialmente. Apertei firme o número da minha plaquinha, esperando pelo Lote 47.

Finalmente, o leiloeiro ergueu o colar de pérolas.

— Lote 47, um colar de pérolas. Lance inicial, cinco milhões de dólares.

Levantei minha plaquinha imediatamente.

— Cinco milhões de dólares.

— Dez milhões de dólares — veio a voz de Serena, bem ao meu lado.

Olhei para ela. Estava sorrindo, a plaquinha erguida.

— Quinze milhões de dólares! — Disse, levantando novamente.

Serena nem hesitou.

— Vinte milhões de dólares.

O preço começou a subir vertiginosamente. Trinta milhões. Cinquenta milhões. Oitenta milhões…

Minhas mãos suavam. Meu advogado dissera que tudo o que eu possuía valia cerca de cem milhões no total, mas o preço já chegava perto de cento e vinte milhões.

— Cento e vinte milhões de dólares.

Serena ergueu a plaquinha com tranquilidade, como se fosse um número qualquer.

O leiloeiro olhou pra mim.

— Senhora, deseja continuar?

Minhas mãos tremiam. Eu não conseguia mais levantar a plaquinha. Eu não tinha o suficiente.

Todos os olhares estavam sobre mim, inclusive o de Daniel. Engoli o orgulho e me virei para ele.

Minha voz vacilou.

— Daniel, me empresta um pouco de dinheiro, por favor. Esse colar era da minha mãe. É a única coisa que ela me deixou.

Daniel me encarou. Algo indefinido brilhou em seus olhos. Assim que ele levou a mão ao bolso para pegar o cartão, Serena também se virou para ele.

Com um tom doce e manhoso, disse:

— Danny, eu nunca tive nada quando era pequena. Esse é o primeiro colar que eu realmente amei. Você pode pedir à Freya pra me deixar ficar com ele?

Ela segurou na manga dele, os olhos brilhando de expectativa.

Daniel olhou para Serena, depois para mim e ficou em silêncio por alguns segundos — segundos que pareceram uma eternidade.

— Deixe a Rena ficar com ele. — Disse, por fim.

Um arrepio percorreu minha espinha. Meu mundo desabou.

A voz do leiloeiro ecoou:

— Cento e vinte milhões de dólares, dou-lhe uma! Cento e vinte milhões, dou-lhe duas!

Quis implorar de novo, mas nada saiu da minha boca.

— Cento e vinte milhões de dólares, pela terceira e última vez! Vendido!

No instante em que o martelo bateu, meu coração gelou.

Serena, radiante, bateu palmas e virou-se para mim.

— Freya, obrigada!

A satisfação estampada no rosto dela era insuportável.

Depois do leilão, Serena disse que estava com dor de cabeça e Daniel foi buscar o remédio. Fiquei sozinha no saguão, vendo os funcionários recolherem os itens.

Dez minutos depois, Serena apareceu nos bastidores e parou diante de mim.

Levantei-me.

— Serena, você trocaria o colar por outra coisa?

Ela arqueou uma sobrancelha.

— Trocar por quê?

Forcei-me a manter a calma.

— Tenho um carro esportivo e alguns relógios de luxo. Não chegam a cento e vinte milhões, mas se me der um tempo, eu completo o valor. Só peço que me devolva o colar.

Serena balançou a cabeça.

— Não preciso disso.

— Então o que você quer?

Ela pensou por um momento e sorriu.

— Quero que você se ajoelhe e suplique.

— O quê?

Um brilho cruel apareceu nos olhos dela.

— Ajoelhe-se, peça desculpas e implore pelo colar. Depois do jeito que me tratou antes, é sua vez de se humilhar.

Fiquei olhando pra ela, os punhos cerrados. Pensando no colar da mamãe, me ajoelhei.

— Ótimo. Deixe eu te mostrar onde o colar está… — Disse ela.

Com um sorriso vitorioso, tirou o celular do bolso. Abriu um vídeo e me entregou. Na tela, um cachorro de rua, todo sujo, abanava o rabo com o colar de pérolas no pescoço.

Era o da mamãe.

O sorriso de Serena se tornou perversamente doce.

— Viu? É aí que ele está agora. Acho que combina perfeitamente com o cachorro. Coisas de cadela pertencem a uma.

Meu sangue gelou.

— O que você acabou de dizer?

Ela guardou o celular.

— Eu disse que cadela combina com cadela. Sua mãe não era uma? Mereceu ser atropelada e morrer. Agora o colar dela está com um vira-lata. Faz sentido, não acha?

— Qual mão você usou pra colocar o colar no cachorro? — Perguntei, com a voz tão baixa que mal reconheci.

Serena ainda sorria.

— A direita. Por quê?

Peguei a faca de jantar da mesa e enfiei na palma direita dela. O sangue jorrou, e ela soltou um grito estridente.

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