Sementes do Futuro
O silêncio da madrugada era quebrado apenas pelo som ritmado dos passos de Alfredo durante sua ronda. Com uma lanterna em mãos e o rádio preso à gola da camiseta preta, ele fazia a vistoria pelo novo setor do Refúgio:
O alojamento dos adolescentes. Desde o início da noite, a tensão se instalara no ar nada havia acontecido de fato, mas Alfredo conhecia bem aquela sensação.
Era a mesma que precedia as emboscadas nas missões. Um tipo de alerta invisível que o mantinha desperto.
Do outro lado do terreno, Clara revisava as planilhas de entrada, a lista de medicamentos, o estoque de mantimentos e os relatórios dos psicólogos.
A estrutura estava funcionando, mas o ritmo era exaustivo.
O Refúgio crescia todos os dias.
Mais crianças.
Mais histórias.
Mais traumas.
Mais decisões.
E nenhuma delas era fácil.
Luna entrou na sala com duas xícaras de chá quente.
— Parece que voltamos no tempo Ela disse, estendendo uma das xícaras para Clara.
Clara aceitou a bebida com u