Justiça Silenciosa
A manhã era fria, mas não na Fazenda Feitiço do Sol Nascente. Lá, o céu se tingia de tons dourados, como se celebrasse o fim de um ciclo de dor.
Na sala central do Núcleo, Giovana observava o vídeo final do interrogatório de Andrés Cabrera.
Suas palavras, gravadas com clareza e confirmadas por dossiês, documentos digitais e listas de transações, agora estavam prestes a circular o mundo.
— Sim. Eu vendia crianças. Roubadas, compradas, trocadas como moeda em um mundo cego. Vocês acham que o problema sou eu? Eu só forneci o que muitos queriam em silêncio.
Sua voz fria ecoava pelo salão, mas ninguém piscava.
Aquela confissão encerrava um pesadelo de anos.
Marcelo finalizou a codificação do vídeo e apertou o botão que o colocaria no mundo:
"Transmitir para todos os canais internacionais, com os dados anexados."
Valentina, com as mãos trêmulas, observava o carregamento da barra verde. Giovana passou o braço por seus ombros.
— Agora, querida, o mundo inteiro vai saber