Narrado por Isabella
Desde o dia da viagem, desde aquele banquete de sensações, sorrisos e promessas silenciosas sob o céu cor de vinho, algo dentro de mim se rompeu. Não era dor. Era a antecipação dela. A certeza de que a paz não duraria muito tempo.
Passei a observar tudo. A cozinheira nova, o jardineiro de olhar baixo demais, o comportamento dos cães. Atitudes pequenas que, se vistas isoladamente, poderiam ser descartadas. Mas eu estava conectando os fios invisíveis. E a teia era sombria.
Fui cuidadosa. Anotei os nomes dos novos funcionários. Fingia cochilar, mas mantinha um olho semiaberto observando quem limpava o quarto. Desci à sala de monitoramento quando Ares não estava e revi gravações. Vi a cozinheira recebendo um pacote pela entrada lateral. Ela olhou para os lados, assinou algo, e sumiu no corredor.
Fiquei gelada.
Quis contar para Ares. Juro que quis. Mas algo me impediu. O mesmo insti