Narrado por Ares
Eu precisava de um copo de whisky antes de falar qualquer coisa.
Entrei no escritório com o maxilar travado, tirei o paletó, afrouxei a gravata e fui direto até o bar. Me servi como se a bebida pudesse diluir o peso nas costas.
Zeus já estava lá. Sentado, perna cruzada, charuto na mão, e aquele olhar de quem sempre enxerga além do óbvio.
Zeus: — E então?
Ares: — Ela é esperta. Inteligente. Tem argumentos. Não fugiu das minhas perguntas. Não baixou a cabeça. Mas…
Dei um gole longo no copo. O álcool queimou descendo.
Ares: — Tem algo nela que não consigo engolir. Talvez seja o passado. Talvez seja a facilidade com que ela encara tudo. Como se já tivesse aprendido a sobreviver a qualquer tempestade.
Zeus: — Ou talvez isso seja exatamente o que a torna forte.
Revirei os olhos.
Ares: — Não estou aqui pra filosofar, Zeus. Estou tentando proteger o nome da nossa família.
Zeus: — Proteger ou controlar?
Fiquei em silêncio. Ele sabia onde apertar.
Ares: — Eu vi a forma como ela