Ponto de Vista de Bernardo
Eu sempre fui o impulsivo.
O rebelde.
O que age antes de pensar.
Benjamin sempre foi a cabeça, eu era o corpo.
Ele a estratégia, eu o impacto.
Dois opostos que funcionavam… até hoje.
Mas agora?
Agora ele estava tão perdido quanto eu.
A presença das duas garotas naquela casa isolada estava deixando tudo ainda mais real.
Elas estavam assustadas, encolhidas no canto do sofá gastado, com as mãos trêmulas segurando uma à outra, como se aquele contato fosse o único ponto firme na tempestade que caíra sobre elas.
E, sim, nós éramos essa tempestade.
Eu passava as mãos pelo cabelo, nervoso, tentando encontrar palavras que não soassem tão erradas quanto todas as decisões que nos trouxeram até aqui.
Meu lobo rugia dentro de mim, inquieto, faminto, desesperado para tocar… reivindicar… selar o que era dele por direito ancestral.
Minha companheira.
Ele repetia isso como um mantra, como uma verdade absoluta que queimava na minha pele.
Mas ela…
Ela era humana.
E hum