O frio.
Era a primeira coisa que Kaena sentiu. Um frio que não pertencia a este mundo.
Não era o vento cortante das montanhas, nem a umidade sufocante das cavernas. Era algo além – uma ausência absoluta de calor, um vazio que drenava qualquer vestígio de vida.
Ela abriu os olhos. Mas tudo o que havia era escuridão.
Não, não escuridão – sombras. Vivendo, sussurrando, retorcendo-se como vermes dentro de um cadáver recém-aberto.
Kaena tentou se mover, mas não havia solo sob seus pés. Seu corpo flutuava, suspenso em um oceano de trevas líquidas, como se estivesse à deriva em um mar sem fim. Seu coração batia forte, e a respiração vinha curta e irregular.
Isso é um pesadelo. Só pode ser.
Ela cerrou os punhos, tentando lembrar-se do que acontecera. O altar. A criatura das sombras. Hei e Duncan sendo arremessados para longe. Então… então as garras negras a haviam tragado para dentro do Véu.
E agora estava aqui.
Uma sensação gélida atravessou sua espinha quando percebeu: não estava sozinha.
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