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Capítulo 6 – Entre o Alvo e o Fogo

“Às vezes, o inimigo não é quem aponta a arma, mas quem já te feriu antes de você aprender a se defender.”

O silêncio do prédio abandonado era absoluto — exceto pelo som do vento atravessando as vigas e o leve ruído da respiração controlada nos fones da Equipe Alfa.

— Câmera dois desativada — informou Sophia.

Sentada no furgão tático, os olhos dela se moviam rapidamente entre as telas. Os dedos deslizavam com precisão cirúrgica, tomando controle das redes internas.

— Confirmado. Caminho livre — respondeu Luna, movendo-se com elegância pela lateral do corredor.

— Subsolo está claro. Temperatura b**e com dados térmicos — disse Mike.

— Já tô sentindo cheiro de emboscada — murmurou James.

Viktor manteve a formação à frente.

— Avancem em silêncio. Firefly, mantenha a varredura a cada três segundos. Se notar qualquer desvio térmico, me avise.

— Sim, senhor.

Ela estava focada, controlando a ansiedade. Tudo sob controle.

Até que...

Um ponto piscou na lateral da tela. Uma movimentação não prevista.

— Major...!

Sophia se inclinou, digitando rápido.

— Novo sinal no corredor norte. Não estava nos dados anteriores. Ele... ele tá se movendo rápido. Armado.

— Posição? — perguntou Viktor, já se virando.

— Quinze metros de onde você está. Indo em sua direção. Quatro segundos.

Ela não pensou.

Tocou no microfone.

Gritou.

Direita! Agora!

Viktor girou o corpo instintivamente e caiu ao lado — no mesmo instante em que um tiro ricocheteava exatamente onde sua cabeça estaria.

O impacto da bala no pilar fez poeira subir.

James e Mike reagiram como um raio, abatendo o inimigo em segundos.

Viktor se ergueu com os olhos arregalados, o peito subindo e descendo — não pelo esforço, mas pela certeza fria: Ela o salvou.


Mais tarde, no retorno ao quartel...

O furgão estava cheio de risos.

Mike contava a história de como tentou rolar dramaticamente no chão e caiu em cima do próprio rifle.

James dizia que se Luna desse mais um soco em alguém, ele ia precisar de terapia.

Até Viktor sorriu. Discretamente.

Mas quando olharam para o canto...

Sophia estava sentada em silêncio.

O capacete nas mãos, os olhos baixos… e as lágrimas represadas, ameaçando transbordar.

Ela fingia ajeitar as luvas, limpava discretamente os cantos dos olhos.

James se aproximou e murmurou:

— Tá tudo bem, Firefly?

Ela assentiu com um sorriso fraco.

— Só… alívio. É muita coisa. Eu nunca... nunca salvei ninguém antes.

Viktor a observava de longe.

Quis dizer algo.

Mas se conteve.
Ela precisa de tempo. E ele… de cuidado.


Hora do almoço – Refeitório da base

Ainda com a roupa tática, Sophia segurava sua bandeja de comida, tentando se manter invisível como fazia antes.

Mas agora... era impossível.

Alguns soldados olhavam. Outros cochichavam.

Ela era a novata da Equipe Alfa.

E é claro que ele apareceria.

Edward Mason se aproximou como uma sombra maldosa, com aquele sorriso cínico que precedia uma crueldade calculada.

— Olha só quem resolveu brincar de soldadinha — disse baixo, parando ao lado dela.

— Ficou bonitinha nesse uniforme. Mas continua uma piada.

Ela não respondeu.

— Acha mesmo que vai se manter lá? O Major vai cansar. A equipe vai perceber. E você… vai cair.

— E quando cair... lembra que fui eu quem te ensinou onde é o chão.

Sophia engoliu em seco.

A bandeja tremia em suas mãos.

Foi quando uma voz firme cortou o ar.

Mason.

Edward virou-se com a postura treinada de quem responde a superiores.

Major Viktor Belmont estava parado a poucos passos.

Os olhos fixos. Friamente assassinos.

— Senhor — disse Edward, forçando um tom respeitoso.

Viktor não respondeu de imediato.

Apenas manteve o olhar sobre ele. Fixo. Letal. E carregado de algo que até Mason, o arrogante, sentiu: medo.

— Continue. Fale mais uma palavra... e eu pessoalmente te rebaixo até você limpar banheiro por infração de conduta.

Edward tentou disfarçar o susto.

— Não entendi o que—

Você entendeu perfeitamente.  - disse ele perto do ouvido do mesmo - Sai da frente dela. Agora.

Edward hesitou. Mas saiu.

Viktor caminhou até Sophia e parou ao lado dela.

— Você tá bem?

Ela engoliu em seco, sem conseguir olhar pra ele.

— Estou, senhor.

— Não parece.

Silêncio.

Ela então sussurrou:

— Obrigada por… por não deixar ele continuar.

Ele assentiu, devagar.

— Ninguém vai te machucar de novo, Firefly. Nem ele. Nem ninguém.

E então virou-se, os passos duros.
Mas os olhos… eram puro ódio.

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