“Às vezes, o inimigo não é quem aponta a arma, mas quem já te feriu antes de você aprender a se defender.”
O silêncio do prédio abandonado era absoluto — exceto pelo som do vento atravessando as vigas e o leve ruído da respiração controlada nos fones da Equipe Alfa.
— Câmera dois desativada — informou Sophia.
— Confirmado. Caminho livre — respondeu Luna, movendo-se com elegância pela lateral do corredor.
— Subsolo está claro. Temperatura b**e com dados térmicos — disse Mike.
Viktor manteve a formação à frente.
— Avancem em silêncio. Firefly, mantenha a varredura a cada três segundos. Se notar qualquer desvio térmico, me avise.
— Sim, senhor.
Ela estava focada, controlando a ansiedade. Tudo sob controle.
Um ponto piscou na lateral da tela. Uma movimentação não prevista.
— Major...!
— Novo sinal no corredor norte. Não estava nos dados anteriores. Ele... ele tá se movendo rápido. Armado.
— Posição? — perguntou Viktor, já se virando.
— Quinze metros de onde você está. Indo em sua direção. Quatro segundos.
Ela não pensou.
— Direita! Agora!
Viktor girou o corpo instintivamente e caiu ao lado — no mesmo instante em que um tiro ricocheteava exatamente onde sua cabeça estaria.
O impacto da bala no pilar fez poeira subir.
James e Mike reagiram como um raio, abatendo o inimigo em segundos.
Viktor se ergueu com os olhos arregalados, o peito subindo e descendo — não pelo esforço, mas pela certeza fria: Ela o salvou.
Mais tarde, no retorno ao quartel...
O furgão estava cheio de risos.
Mike contava a história de como tentou rolar dramaticamente no chão e caiu em cima do próprio rifle.
Mas quando olharam para o canto...
Sophia estava sentada em silêncio.
O capacete nas mãos, os olhos baixos… e as lágrimas represadas, ameaçando transbordar.
Ela fingia ajeitar as luvas, limpava discretamente os cantos dos olhos.
James se aproximou e murmurou:
— Tá tudo bem, Firefly?
Ela assentiu com um sorriso fraco.
Viktor a observava de longe.
Hora do almoço – Refeitório da base
Ainda com a roupa tática, Sophia segurava sua bandeja de comida, tentando se manter invisível como fazia antes.
Alguns soldados olhavam. Outros cochichavam.
Ela era a novata da Equipe Alfa.
E é claro que ele apareceria.
Edward Mason se aproximou como uma sombra maldosa, com aquele sorriso cínico que precedia uma crueldade calculada.
— Olha só quem resolveu brincar de soldadinha — disse baixo, parando ao lado dela.
Ela não respondeu.
— Acha mesmo que vai se manter lá? O Major vai cansar. A equipe vai perceber. E você… vai cair.
Sophia engoliu em seco.
Foi quando uma voz firme cortou o ar.
— Mason.
Edward virou-se com a postura treinada de quem responde a superiores.
Major Viktor Belmont estava parado a poucos passos.
— Senhor — disse Edward, forçando um tom respeitoso.
Viktor não respondeu de imediato.
Apenas manteve o olhar sobre ele. Fixo. Letal. E carregado de algo que até Mason, o arrogante, sentiu: medo.
— Continue. Fale mais uma palavra... e eu pessoalmente te rebaixo até você limpar banheiro por infração de conduta.
Edward tentou disfarçar o susto.
— Não entendi o que—
— Você entendeu perfeitamente. - disse ele perto do ouvido do mesmo - Sai da frente dela. Agora.
Edward hesitou. Mas saiu.
Viktor caminhou até Sophia e parou ao lado dela.
— Você tá bem?
Ela engoliu em seco, sem conseguir olhar pra ele.
— Estou, senhor.
Silêncio.
Ela então sussurrou:
— Obrigada por… por não deixar ele continuar.
Ele assentiu, devagar.
E então virou-se, os passos duros.
Mas os olhos… eram puro ódio.