Ele me protege.
Viro-me de repente e, à minha frente, está um homem que não reconheço. O cheiro dele não pertence à nossa alcateia. Seu olhar é pesado, insistente, como se me conhecesse ou estivesse tentando decifrar cada pedaço meu. Ele dá um passo à frente e tenta se aproximar. Rania, minha loba, rosna baixo dentro de mim, pronta para saltar, e eu deixo o som escapar pela garganta para avisar que não estou para brincadeira.
— Nossa, lobinha, meu chefe vai ficar muito feliz quando souber que eu te encontrei — diz ele, aproximando-se com um sorriso que me dá arrepios. Sua voz é melosa, falsa, carregada de ameaça disfarçada. Ele estica a mão, como se pudesse tocar meus pelos.
Rosno mais alto, mostrando as presas recém-formadas. O cheiro de medo dele se mistura ao de arrogância.
— Calma, lobinha, não vou te fazer nenhum mal. Só vou te levar até alguém que vai adorar fazer isso. Vem cá, lobinha, vem — continua ele, dando um passo ainda mais ousado.
Meu corpo se tenciona inteiro, pronto para atacar. M