Capítulo 4

Amanda Almeida

Termino de fazer uma últimas anotações em meu caderno quando meu celular vibra novamente.

Resolvo ignora o aparelho finalizando minhas anotações do curso de informática que faço durante aos sábados online. Meu celular vibra novamente, de novo, de novo e de novo.

Bato a palma da mão sobre a escrivaninha que sustenta meu caderno e o notebook que eu uso, estendo meu braço alcançando o aparelho ao lado.

Desbloqueei já esperando a mensagem das meninas mas para minha surpresa não era elas.

"Número desconhecido"

-Uai?

Com o cenho franzido decidir responder a tal pessoa e não demorou para obter a reposta.

-Você vai para o luau amanhã á noite?

Pensei por um instante, eu lembro que ter salvado o número de todos no e-mail se fosse contato meu eu saberia quem é.

-Eu te conheço?- respondi de volta.

-Gabriel, Amanda.

Ergui meu olhar encarando a tela do meu notebook, como ele conseguiu meu número?

Ele deve ter notado a minha demora pra responder e mandou outra mensagem.

-Salva meu número, pode precisar dele um dia.

-Ah, irei salvar sim só não garanto que irei precisar e respondendo sua pergunta, talvez sua irmã me obrigue a ir amanhã.

Ele não respondeu.

Desliguei meu celular e fechei a tela do meu notebook. Lavantei e em seguida o meu celular tocou exibindo o nome de Marcela na tela.

Confesso que estou receosa de atender, certeza que ela irá me obrigar a ir para a sua casa só para ter certeza de que irei para a festa amanhã.

Atendo.

-Minha casa, ás hrs:14:30 e sem mais e sem menos, até já.

Ela desligou sem ao menos esperar uma resposta minha?

Eu tenho autoridade?

Ouço batidas na porta do meu quarto e peço para que entre.

É o meu tio, o observei de relance o mesmo atravessar a porta e fechar em seguida. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo desajeitado e suspirei pesadamente antes de me virar.

-Amanda.- seu tom de voz é tranquilo porém autoritário. Meu tio nunca encostou o dedo em mim e acredito que não seria agora.

Minha educação sempre foi muito elogiada, apesar de não ter contato com meus país, eu sempre fui taxada por ter uma boa educação e excelentes notas mesmo sem eles presentes.

Virei meu corpo na cadeira rotatória encarando meu tio frente á frente.

Sorri sutilmente para ele que cruza os braços.

-Diego me disse que você estava com Gabriel depois que saiu da escola?- concordei brevemente o vendo arquear uma sobrancelha. -Por quê?

Meu tio se chama Paulo João, tem cinquenta e seis anos mas juro que não parece, ele possui o cabelo raspado em um corte social e o seu porte físico é admirável para alguém da sua idade. Seus olhos escuros se destacam em meio a pele queimada pelo sol e a barba tingida de preto o deixa mais charmoso.

Ele olha brevemente para a escrivaninha, meus olhos acompanham o movimento e logo o encaro.

-Eu pedi pro Diego ir me buscar mas ele não foi. Quando eu ia atravessar pra pegar o ônibus o sinal fechou, estava preste a mandar um áudio para ele só que aí Gabriel chegou e puxou meu pulso fazendo meu celular cair.- pauso recuperando o fôlego, meu tio parecia bem atendo em casa palavra que eu dizia. -Ele insistiu que a culpa era dele...

Eu contei tudo para o meu tio, do início ao fim sem omitir nada. Ele ficou um tempo em silêncio olhando no fundo dos meus olhos. Ele tinham o dom de descobrir se a pessoa estava mentindo ou não para ele.

Ele respirou pesadamente fechando os olhos e passando a mão na cabeça raspada em movimento de vai e vêm.

-Você não deveria ter aceitado esse celular Amanda.- ele aponta com o queixo para o aparelho. -Você tem noção de quem ele é?

Concordei em um movimento sútil.

Peguei o celular o segurando entre minhas mãos.

- Eu irei devolver o celular para ele, eu sei que foi um erro.- Admito me pondo de pé caminhando em sua direção e parando a sua frente. -Ele insistiu tanto que não pude recusar...

Ele me interrompe.

-Tudo bem Amanda, eu vou conversar com ele.

Arregalo os olhos, o que eles poderiam conversar se não houve nada? Ele não quer que eu devolva então não vejo precisão disso.

-Por quê?- confesso que não consegui disfarçar o medo no meu tom de voz, eu sei da fama daquele homem e tudo que eu não quero é perder quem eu amo. -Tio, não precisa isso não vai mais se repetir.

Ele concordou.

-Eu sei mas o que ele fez não foi certo.- ele diz sério sem nenhuma expressão. -Mais tarde conversamos, eu tenho pendências pra resolver.

Meu tio virou-se e caminhou em direção a porta a abrindo. Só então me lembrei do convite, convite não, quase uma obrigação de estar presente na casa de Marcela hoje a noite.

-Tio!- O chamo e ele me olha por cima do ombro. -Posso dormir na casa da Marcela hoje? Eu volto amanhã.

Ele demorou para responder e eu juro que tava torcendo pra vim um "não"

-Pode! Te quero aqui às onze horas.

Concordei dando leves pulinhos de alegria.

Por que eu tô pulando se eu nem queria ir?

-Estarei aqui.

Ele concordou.

-Eu amo você Amanda, lembre-se disso.

-Tambem te amo!

Fiz um coração para ele com as duas mãos Juntas e só então ele sorriu, acenou um breve tchau e o retribuir.

Virei as costas ao ouvir a porta bater.

Preciso arrumar minhas coisas.

***

Tava no ponto de ônibus esperando um que me levaria direto para a praia já que a bonita mora lá. Sentei no banco já impaciente, eu odeio sair aos domingos e sábados porque o transporte é horrível.

Cruzei as pernas impaciente balançando meu pé livre no ar. Um homem de aproximadamente quarenta anos de sentou ao meu lado grudando a lateral do seu corpo ao meu.

O olhei pelo canto do olho, ele puxou seu celular do bolso e começou a teclar em seguida pós no bolso mas dessa vez o oposto, ele coloco do lado em que eu estava sentada tocando em minha coxa.

O que custava ele por no mesmo.

Me afastei mais um pouco e ele chegou mais perto.

Me levantei o encarando assustada.

-Você tá ficando louco? Gritei já sentindo minha voz trêmula, meu corpo acompanha a minha voz.

O homem apenas me encara fingindo desentendimento, ele me olha de cima a baixo e se levanta. Ele é maior que eu, deve ter seus quase 1,80 de altura.

-Olha o tamanho do seu short, é quase impossível não ficar louco.- um sorriso malicioso surge em seus lábios, ele dá um passo a frente me obrigando a recuar outro. -O que foi, ninguém vai olhar...olha para ali. -Ele aponta com o queixo para um veículo preto um pouco antes do ponto de ônibus. -É meu, se quiser podemos dar uma volta...

Eu neguei rapidamente.

-Não quero.- respondo grosseira. -Eu tenho namorado!- o que era uma mentira.

Nessas horas a gente pensa em tudo.

Ele riu sarcasticamente.

-Eu não ligo.- ele aproximou agarrando meu braço puxando meu corpo para ele, tentei me livrar em uma tentativa inútil já que aquele homem era mais forte que eu.

Dei vários socos nele mas parece que era imune a dor.

Gritei com toda minha força mas infelizmente a rua tava deserta.

Ele aproximou seu rosto me obrigando a fazer silêncio.

-Amanda.

Ouço meu nome ser pronunciado com ódio palpável, olhamos ao mesmo tempo e só então o homem soltou. Meu corpo deu uma leve falhada ao perder o equilíbrio e se chocar contra a vidraça que protegia a área da chuva.

Gabriel desceu da moto, quando ele chegou? Eu geralmente reconheço o barulho dessa moto a quilômetros de distância.

Ele mantém uma postura imponente e o semblante sério que fez todos os pelinhos do meu corpo se arrepiarem.

Encaro o chão prendendo uma mexa do meu cabelo atrás da orelha.

-Tá tudo bem?- olho para Gabriel que rapidamente olha para o homem que dá alguns passos para trás.

-Ela passou mal, eu só estava a ajudando.- o homem diz tranquilamente.

-Não te perguntei.- Gabriel o responde olhando no olho. -Vaza.

O homem bufa ao se retirando.

Gabriel ergue sua mão acariciando minha bochecha com o polegar. Seu dedo desliza sobre meu maxilar fazendo uma breve parada no meu queixo que erguido para que eu olhe nos seus olhos.

-Tá tudo bem?- Apenas concordei. -Jura?

-Juro, céus!

Me afasto do seu toque recebendo seu olhar intrigado.

É óbvio que não estava tudo bem, fui julgada pela minha maneira de me vestir, fui trocada sem minha permissão.

Claro que eu não tô bem.

-Pra onde está indo? Por essas horas essas áreas são desertas.

Como se eu não tivesse percebido.

-Indo pra casa da Marcela.

-A loira?- concordei com um aceno. -Eu te levo, não quero que corra perigo novamente.

Ergui minha mão e o mesmo se calou.

-Não precisa.

-Seu tio me mataria se algo te acontecesse, Amada.

Respirei fundo ao lembrar dos conselhos do meu tio em relação a Gabriel. Eu não entendo, como alguém pude julgar uma pessoa assim? Eu não entendo de verdade.

Ele não é quem dizem que é.

Ele não aparenta ser o que falam.

Ele me estendeu a mão, olhei receosa para ele mas não demorou para entrelaçar meus dedos ao seu.

Meu tio irá me matar.

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