Lorena
A casa parecia maior sem ele. Vazia, silenciosa demais.
E, claro, a saudade já tinha se instalado, mesmo que eu tentasse ignorá-la. Mas eu havia prometido a mim mesma que não passaria quatro semanas sofrendo sozinha naquele silêncio. Eu precisava viver — voltar a viver — e preencher meus dias com algo que fosse meu.
Foi aí que a decisão apareceu quase naturalmente: eu voltaria a tocar piano.
E, quem sabe, até me apresentar de novo.
Nos dias seguintes, estabeleci uma rotina: duas horas de ensaio, todos os dias, sem falhar. Se Laila me chamasse para alguma apresentação, desta vez eu aceitaria. Sem medo. Sem desculpas.
Peguei meu celular e criei uma nova conta, dedicada exclusivamente ao balé e ao piano. A antiga eu deixei para trás — aquela estava praticamente nas mãos do meu pai, cercada por tudo o que eu queria me afastar. Essa não.
Essa seria minha.
Meu espaço.
Meu recomeço.
Passei a tarde inteira escolhendo fotos, tirando outras novas, arrumando a página, criando um e-mail de