Felipe

Lorena havia preparado um jantar maravilhoso naquela noite. A comida estava simples, mas cheia de cuidado, e eu não conseguia evitar a sensação de que aquele gesto tinha um significado maior. Depois comemos juntos, rimos um pouco e assistimos a um filme. Quando terminou, ela foi para o quarto e eu para o meu.

Mas o sono não veio fácil. Fiquei deitado, encarando o teto, com a mente cheia dela. Lorena. A mulher que, por mais que tentasse, eu não conseguia enxergar apenas como alguém que precisava da minha ajuda. Ela estava a poucos metros de mim, separada apenas por uma parede, e mesmo assim eu sentia como se ela ocupasse todos os espaços dentro de mim.

No dia seguinte, saí cedo. Tinha um almoço em família, num sítio fora da cidade. Mandei uma mensagem curta para ela — “Bom dia, vou passar o dia fora. Qualquer coisa, me liga.” — e peguei a estrada.

Cheguei por volta das dez da manhã. Meus pais e a família da minha irmã já estavam lá, animados como sempre.

— Tio Felipe! Agora eu