No domingo de manhã, o apartamento cheirava a pão na chapa e lavanda.
Sophia preparava um café forte, Louis ocupava todo o tapete do corredor como um rei preguiçoso, e Allegra lia os e-mails da madrugada.
— Você já viu isso aqui? — ela disse, com a tela do celular virada para Lucca.
Ele aproximou os olhos e leu em silêncio.
“Prezados,
Ficamos profundamente tocados pela sinergia entre imagem e som na obra ‘Reflexo para Allegra’.
Somos do coletivo Le Passage, que promove intervenções artísticas em espaços históricos desativados por toda a França.
Temos interesse em produzir uma noite de performance com vocês — obra visual, trilha ao vivo, interação com o público.
O espaço sugerido: o antigo Théâtre de l’Orangerie, nos arredores de Lyon.
O palco é de vocês, se quiserem.”
Lucca passou a mão pelos cabelos.
— Isso... isso é insano.
— É lindo — completou Allegra, com os olhos brilhando.
Sophia, do outro lado da bancada, ergueu a xícara como quem faz um brinde imaginário:
— O mundo tá prestes