O café ficava em uma esquina tranquila no Soho, com janelas enormes, poltronas de veludo azul e cheiro de canela no ar.
Allegra chegou dez minutos antes do horário marcado.
Precisava de silêncio para entender o que estava sentindo.
Nova York girava em torno dela como um turbilhão bonito, mas ainda assim intenso demais.
Ela respirou fundo, ajeitou a franja atrás da orelha e se sentou perto da janela.
O caderno estava na bolsa.
O broche, no bolso esquerdo.
E Lucca?
Deixado no apartamento com a promessa de que ela voltaria com boas notícias — ou, pelo menos, com uma xícara de café pra ele.
A porta do café se abriu com o tilintar suave dos sinos e, logo em seguida, uma mulher de cabelos brancos e cacheados entrou, sorrindo com leveza.
— Allegra Bianchi?
Sou Eleanor. A curadora da exposição “Intimidade em Presença” em Washington.
Elas se cumprimentaram com gentileza, e Eleanor se sentou diante dela como quem não tinha pressa.
— Antes de qualquer coisa — começou, cruzando as mãos sobre a me