Valéria narrando
Terminei o café da manhã em silêncio, fingindo que nada queimava dentro de mim. Otaviano e Matheus foram juntos para o escritório, carregando pastas e conversas sérias que nunca me incluíam. Eu me sentia deslocada, uma intrusa em um mundo que não era meu. Mas havia algo que me dava segurança: Eduardo.
Ele chegou logo depois, sorridente, para me levar até a faculdade.
— Pronta? — ele perguntou, abrindo a porta do carro com aquele jeito protetor que sempre me fazia sentir mais calma.
— Pronta — respondi, tentando soar leve, embora meu estômago estivesse apertado de nervosismo.
Enquanto nos aproximávamos da faculdade de Medicina, percebi que a manhã tinha aquele brilho peculiar, meio dourado, que fazia tudo parecer menos pesado. Eduardo falava sobre situações do trabalho, histórias engraçadas de colegas, e eu ria das piadas, não por algo romântico, mas por puro conforto e cumplicidade. Era ótimo ter alguém assim por perto, que me lembrava de respirar quando tudo pa