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Matheus narrando
Meu coração ainda martelava no peito como se quisesse rasgar minha carne. Nunca na vida eu tinha sentido tanto medo quanto naquele instante em que quase fomos descobertos por Otaviano. O som dos passos dele ainda ecoava na minha mente, pesado, ameaçador, como se estivesse gravado na minha pele.
A sensação de perder Valéria ali, de sermos pegos juntos, queimava dentro de mim. Por um segundo, vi toda nossa vida desmoronar antes mesmo de começar.
A segurei forte contra mim, como se fosse a última coisa que eu tivesse no mundo.
— A gente precisa sair daqui… — sussurrei no ouvido dela, ainda sem fôlego.
Valéria assentiu, os olhos marejados de adrenalina, mas sem soltar minha mão.
Fomos de mansinho, escondidos pelas sombras do jardim, até entrarmos pela porta lateral da casa. Cada passo era calculado, cada rangido do piso parecia um trovão. Mas quando fechamos a porta atrás de nós, senti o corpo dela relaxar um pouco.
— Meu Deus… — ela murmurou, encost